O último disco dos Ena Pá tem momentos interessantes e divertidos, mas não chega perto dos clássicos anteriores da banda.
Os Ena Pá 2000 nunca foram mestres do planeamento nem particularmente organizados, e a sua carreira gravada mostra isso mesmo. O seu último disco é este O Álbum Bronco, já de 2011, e desde aí nada de álbuns, ainda que a banda, na verdade, se continue ainda e sempre a afirmar ao vivo, nos seus sempre imprevisíveis espectáculos.
Este disco, não sendo mau e tendo alguns momentos de antologia, como um todo acaba por não estar à altura dos seus melhores trabalhos, como os dois primeiros ou até o anterior A Luta Continua!. O que é curioso porque talvez fosse a melhor oportunidade para atingir um público maior, até pelas participações especiais de Tim, dos Xutos, e de Rui Reininho, dos GNR. Mas é claro que esta malta não quer saber disso para nada, e em nada suavizou o tom vernacular que a caracteriza.
Pode ser nossa impressão, mas parecem um pouco menos inspirados do que o habitual e a repetir um pouco fórmulas já experimentadas.
No entanto, não percamos tempo com essas miudezas e vamos aos highlights, que não são assim tão poucos. Comecemos por salientar “O Barco do Amor”, que brinca ao death metal e ao soft jazz para depois embarcar quase numa toada yacht rock que desemboca num magnífico e muito bem executado pastiche de “Riders on the storm”, o clássico dos Doors, com a frase-título a ser substituída pela expressão “cona de sabão”. Excelente.
Não podemos não falar de “Psicológo de Coisas”, um clássico que a banda já rodava uns anos antes e que aqui conhece finalmente a sua casa discográfica. A letra é óptima, com um ginecologista na sua faceta de psicólogo, detective ou até espeleólogo, com uma música dos tempos do rock yé-yé.
“Na Guarda” é uma balada acústica com uma letra tão mentecapta que acaba por ser viciante. Já “Que raio de merda é esta?” é um exercício esquecível a brincar ao prog mas que ganha o troféu de melhor título de uma música portuguesa, de sempre, e que acaba em modo conto, versando sobre o tema dos anões.
Temos ainda direito a versões alternativas de “Mulher Portuguesa” e “O Psicólogo de Coisas”, uma soft e outra hard (as hard são as melhores).
No geral, O Álbum Bronco tem momentos interessantes e divertidos, mas não chega perto dos clássicos anteriores da banda, além de ter uma das piores capas da história da música gravada.
2011 foi há uma vida. Está na hora de novo disco!