Nos idos de 1999, os Ena Pá 2000 editam 2001: Odisseia no Chaço, e na capa o nome da banda aparece como Ena Pá 1999. Confusos com as datas? Ainda bem.
Neste quarto disco, a fórmula não se distancia dos álbuns anteriores, misturando estilos e referências, como por exemplo, uns metais a lembrar “Ob-La-Di, Ob-La-Da” em “Um Belo Dia”, inspirações jazzísticas em “O Meu Bebé”, rock cheio de guitarras funky em “Chinezinha Linda”, música mexicana em “Manolito” e solos de guitarra em “Rapariga Torta”. Há canções para todos os gostos, porque uma coisa é certa, os Ena Pá 2000 são excelentes músicos e tudo sai competente. Se é um tipo de humor que apreciam ou não, é outra questão.
Temos canções de amor como “Quero Foder Contigo” que tem tanto de crooner romântico como de gajo da tasca. Temos também dedicatórias à amizade como “Colhão Colhão”, que tem tanto de swing dos anos 50 como de música para tocar à viola na praia. E outra boa para a viola acústica é a “Canção de Embalar”, onde a lírica de Manuel João Vieira se espraia em rimas deliciosas.
Sempre fui parcial a “Capitão Bóbi”, pela rima simples de recreio da escola, onde aliás esta banda era quase uma coisa passada na clandestinidade, o que ainda lhe dava mais piada entre episódios do Dragon Ball, e pela semelhança a B-52’s que também é um grupo que nunca se levou muito a sério.
Podemos dizer que 2001: Odisseia no Chaço não é diferente dos outros trabalhos da banda, mas ao fim ao cabo isso é perder de vista a intenção. Os Ena Pá 2000 querem fazer-nos perder tempo com parvoíces e o resto é conversa. Se é questionável o humor dos Ena Pá 2000? Sempre, como tudo aliás, e até para isso eles têm resposta. É a canção número 18 deste disco. Também é uma grande rockalhada.
Por isso, mais do que analisar letras, sentidos, referências, significados, o que devemos fazer é ouvir o disco e deixar-nos levar por este humor, por vezes básico e outras (poucas) erudito. Ena Pá 2000 é uma boa definição de banda guilty pleasure mas também é a proposta mais interessante e longeva da música nacional no género cómico.