Oliveira da Serra, Galo e EL VY – é com alguma pena que escrevo (e associo) estes três nomes. Depois de um Trouble Will Find Me nada consensual, Matt Berninger pôs os The National em pause e decidiu ir dar um chap-chap na piscina dos pequeninos. EL VY é o nome dessa nova aventura que partilha com Brent Knopf (ex-Menomena e Ramona Falls) e Return To The Moon é o álbum que daí nasceu.
Antes de começar a dissecação, é importante dizer que há uma grande injustiça que pessoas como, por exemplo, Thom Yorke (que tem os Atoms For Peace), conhecem muito bem. Quando um grupo atinge a estratosfera musical, a vontade de experimentar algo novo é uma opção muito frequente. Seja por causa do ar rarefeito que se faz sentir no topo do pedestal onde os pomos, ou simplesmente para brincar um bocadinho, o projecto que nasce depois vem sempre com o peso do que veio antes. Torna-se quase impossível avaliar o novo caminho porque já sabemos de cor o anterior – e isso não é justo. Se a ideia fosse a de manter a imagem de marca, não seria preciso fazer nada de novo, por isso porque é que não conseguimos dividir as coisas? É injusto, mas quase impossível de contornar. Chegou a vez de Berninger sentir isso na pele.
Dotado de uma esquizofrenia musical quase patológica, Return To The Moon devia ter sido uma compilação, não um álbum. Flutua-se entre um synth pop com teclados demasiado confusos, quase a roçar o foleiro (“Return To The Moon”) e outras nuances rockeiras mais aguerridas (“Happiness,Missouri”). Nestes devaneios estilísticos esconde-se um Matt muito confuso, sem saber como pôr tudo a funcionar – a voz pesada com a leveza dos instrumentais. É aqui que entra o apontamento que falei no início. Só nas músicas mais doces, calmas – “à The National”- é que a coisa corre melhor. “Careless” é bonita, assim como “No Time To Crank The Sun” e “Sleeping Light”. Tudo o resto é um somar de baterias molengonas, uma ou outra guitarra tímida e teclados, muitos teclados, demasiados teclados.
Se Matt não fosse o viçoso líder do The National, a avaliação seria a mesma? Nesta situação, ao contrário da atitude preconceituosa que costuma avaliar casos deste género, acho que sim. A falta de orientação na estrutura do disco e os vários momentos quase constrangedores em que vemos Berninger como peixe fora de água deixam a desejar. Que os National nunca padeçam deste mal, é o que eu desejo.
Não passou de uma experiência, Berninger e Knopf já o disseram várias vezes. Esperemos que sim.