Não tenho nada para fazer. Aquele gajo deixou-me em casa dele. A mim. Aqui, plantada há horas, sozinha, à espera que algo aconteça. Então é assim que se trata os convidados por estes lados. Tu não me queres aqui, eu não quero estar aqui. Mas somos família, tem de haver alguma forma de isto dar certo. Bom, vou ouvir música e ver se as horas passam. Fumar cigarros e mexer-me. Tão bom que é este breve sentimento de liberdade e de independência. Dançar, ouvir música, fumar um cigarro. Como tudo fica bem mais suportável. Chega a casa, finalmente. “Oh, hi”, digo-lhe eu. Sem resposta, vira-se para mim e pergunta “what the fuck is that?”. Agora não lhe respondo eu, não merece resposta. Depressa desliga-o e afirma com o seu ar grosseiro “I really hate that kind of music”. “It’s Screamin’ Jay Hawkins and he’s a wild man, so bug off!”
Ámen, Eva, ámen.