O novo trabalho de Bon Iver é um disco com várias faixas muito bonitas mas que, no seu conjunto, deixa uma sensação de tédio.
Cada vez que Justin Vernon, ou Bon Iver, anuncia que é lançado um álbum a data é esperada com grande antecipação. Tal como aconteceu com o disco anterior, 22, A Million, as faixas que foram sendo libertadas antes do disco sair davam uma ideia do que aí vinha – e que o Altamont estranhou, devido ao excesso de autotune e produção.
Este novo trabalho, i,i, é ligeiramente mais optimista que os dois primeiros discos, sobretudo For Emma, Forever Ago, de 2008, e mais simples e menos trabalho que 22, A Million. Ainda assim, procurando um equilíbrio entre a pureza dos primeiros discos e a densidade do trabalho anterior, Justin Vernon dá-nos um disco que não é carne nem é peixe.
i,i é, inegavelmente, um disco bonito, bom de se ouvir, mas, perdoem-me os fãs acérrimos, chato. Não sentimos grandes camadas e a densidade, com uma profusão de instrumentos a soar ao mesmo tempo em faixas como “iMi”, por exemplo, torna o disco confuso. Além disso, o autotune continua lá, em temas como “We”, embora mais disfarçado.
O que não se perde é o falsete de Justin Vernon, que nos faz recordar com saudade a simplicidade dos trabalhos anteriores. “Holyfields” ou a bonita “Salem” são talvez as faixas que mais se assemelham aos primeiros trabalhos, enquanto “Jelmore” ou “Faith” vão beber a 22, a Million.
Destaque, contudo, para a excelente “Hey Ma”, um dos singles já conhecidos e que é dos melhores temas do trabalho. “Naeem” também é uma faixa interessante, bem composta e bem produzida e “RaBi”, a fechar, deixa-nos a pensar porque é que só no fim do disco surge um tema bonito como este.
O que fica deste álbum é uma sensação de arrasto, de música em suspenso, com alguns momentos interessantes, mas a sensação que predomina é de aborrecimento. Em separado, muitos dos temas são bonitos e merecem ser ouvidos mas, em álbum, é pouca a vontade de o ouvir todo até ao fim.