Alexandre R. Malhado
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Apesar de pinga-amor e bonacheirão, Alexandre José Ribeiro Malhado cresceu saudavelmente na Portela de Sacavém. Cedo lidou com o hino do Benfica e com os discos familiarmente empoeirados e antigos que o fizeram discernir. O Rock ‘n’ Roll do pai, a Soul da Motown da mãe e as modernices do irmão. Os Petrus Castrus, os Whispers e os Pantera conviviam todos alegremente no mesmo gira-discos e, acima de tudo, no universo daquele rapaz pinga-amor e bonacheirão. Hoje, mais graúdo e barbudo, tornou da música e do jornalismo o seu credo. Guitarrista dos Supreme Soul e licenciado em Comunicação Social e Cultural na Universidade Católica Portuguesa, Alexandre augura partilhar a sua nuvem com António Sérgio, Martin Hannett e Frank Zappa no Éden da música. Até lá, continuará a ouvir e a escrever.

“Baby it’s cold outside” – Frank Loesser

Um hino de Natal sobre um homem tentar convencer uma mulher a passar a noite lá em casa, durante o Inverno de 1944.

“Fuck Christmas, I’ve Got The Blues” – The Legendary Tigerman

Sozinho ou acompanhado, onde quer que o caro leitor esteja, que seja genuinamente feliz hoje.

Playlist da semana: Natal indie

Nem todo o Natal tem de ser “Jingle Bells” e “Santa Claus is Coming to Town”. O lado B das músicas natalícias pode ter distorção, blues e, até, tristeza. Porque em tudo nesta quadra de amor e tolerância tem de ser polido, sóbrio e bonitinho.

The Midnight Hour – The Midnight Hour (2018)

O DJ dos A Tribe Called Quest e Adrian Younge deitaram o MPC no lixo e usaram as skills jazzísticas de uma big band para fazer um grande disco de hip hop e soul.

“Srs. Políticos” – Censurados

“Gostam muito de falar / Aparecer em público / Na televisão / Mantêm o povo estúpido / Com sorrisos de enfeitar / Não dizem nada de novo / Posam para a fotografia / Sorriem para o povo.”

“Jesse” – Frankie Cosmos

2018 é o primeiro ano em que Frankie Cosmos tira o pé do lo-fi e tenta escrever canções com mais de dois minutos. Em “Jesse”, do disco Vessel, Frankie Cosmos não larga a pop de adolescente colegial ingénua que a fez famosa

“Hereditário” – Sam The Kid

Sam infundiu samples da gravação de uma discussão violenta do avô, claramente exaltado, com melodias épicas de instrumentos de sopro.

“Get You” – Daniel Caesar

Tem 23 anos, nasceu em Ontario, Canadá, e é uma das melhores vozes da sua geração. Estes são três factos sobre Daniel Caesar, promessa das camadas jovens do neo-soul que lançou o ano passado o seu disco de estreia, Freudian.

Playlist da semana: A ciberdepressão

Eis a doença do século XXII tornada inspiração em pleno 2018. Com kicks sintéticos e baixos agressivos, a música não é aconselhável a epilépticos – mas ouça com phones e de luz apagada. E se quiser, dance.

“Cheated Hearts” – Yeah Yeah Yeahs

Um dos chavões mais memoráveis de uma época repleta de criatividade.

Anna von Hausswolff – Dead Magic (2018)

Mais erótica do que temerosa, mais blasfema do que sagrada, Anna von Hausswolff faz do órgão um instrumento de auto-veneração. Mas Dead Magic é um requiem de música extrema que esmurra como se o ouvissemos da nossa própria sepultura. Do nascimento…

“Everything Means Nothing to Me” – Elliott Smith

E assim nasceu uma das maiores canções do novo milénio, do nada. Da indiferença.

Playlist da Semana: Os regressos de 2018

Entremos em 2018, mais um ano com certeza recheado de boa música.

Angus & Julia Stone – Snow (2017)

Snow é uma colecção agradável de 12 temas de folk orelhuda e sensível. Contudo, é tudo menos memorável.