Sabem aquele momento mítico, quando descobrimos um novo álbum, de um grupo que nunca ouvimos falar, que nos prende de tal forma que carregar no repeat torna-se mais forte do que nós? Pois é exactamente nesse momento que eu estou com Skyer, o álbum de estreia de Postiljonen.
Ao longo de 10 faixas, os Postiljonen levam-nos numa viagem assumida pela Dream Pop dos anos 80, com tudo a que temos direito: a voz sussurrada de Mia Bøe, acompanhada pelos multi-instrumentistas Daniel Sjörs e Joel Nyström, que nos premeiam com os sons peculiares da electrónica, sintetizadores e o saudoso Saxofone. Skyer é incrivelmente coeso e parece contar uma história, como se fizesse parte de uma banda sonora de um filme. Perfeito para uma história de Sofia Copolla, eu diria.
O trio escandinavo faz de cada instante em Skyer um ápice. Somos desde logo seduzidos por “Help”, tão sonhadora e cativante como “Skying High”. Os ritmos astrais e dançantes de “We Raise Our Hearts” e “Plastic Panorama”. Ao som de “On the Run” recordamos Ryan Gosling ao volante de uma das suas viaturas em Drive. “Supreme” é a faixa que melhor se relaciona com a electrónica, a ordem dos sintetizadores e das batidas é ampliada, terminando com um solo de guitarra memorável. Em “Atlantis” destaca-se o regresso do saxofone (Thank God!) num show a solo, como há muito não se ouvia, tão anos 80! Talvez a música que mais surpreenda em todo o álbum seja mesmo “All That We Have is Lost”. Quando ouvi pela primeira vez tinha a certeza que me estava soar a alguma coisa que já tinha dono. Mas só quando chegamos ao segundo refrão e escutamos a voz de Bøe a dizer “how will I know if he really loves me” é que nos apercebemos que estamos a ser presenteados com um tributo a Whitney Houston. Uma excelente versão mais calma, melancólica e tão sonhadora.
Ao fim de vários repeats, posso dizer que Skyer sabe a melodias solarengas, puras e inocentes, sonhadoras e optimistas e repletas de jovialidade. É verdade que transpira a M83 por todos os poros, mas quem melhor do que estes senhores para inspiração da Dream Pop? Postiljonen – decorem este nome!