Desde já faço o disclaimer: o “Total Life Forever”, dos Foals, foi dos meus álbuns preferidos de 2010 e o concerto do Optimus Alive em 2011 foi uma das maiores surpresas desse ano. Incluindo a fúria do vocalista Yannis Philipakis, que saiu do palco de rompante quando a produção insistiu para a banda terminar a actuação.
Esperava, por isso, com um misto de curiosidade e receio, pelo novo álbum dos britânicos. “Holy Fire” é o terceiro disco, número que não tem sido brilhante para muitas bandas-fenómeno, que se ficam ali entre o não querer desagradar aos fãs mas querer fazer algo diferente, o que normalmente resulta numa coisa sensaborona e indefinida. Não é o caso. Este trabalho apresenta uns Foals mais maduros e com maior produção que o anterior “Total Life Forever”, mas na mesma linha de sonoridade.
Embora a faixa inicial, “Prelude” demore a disparar, depressa chegam as guitarras, as distorções e a voz entre o grito e o falsete. “Inhaler” já vai buscar influências do primeiro álbum, com uma sonoridade mais crua mas sempre com o toque de distorção nas guitarras. “Inhaler” começa como se estivesse numa prisão mas acaba por libertar-se num grito sonoro, fórmula certa para muitos saltos e encontrões em qualquer concerto.
O álbum avança sem grandes surpresas, alternando entre temas mais melancólicos como “Bad Habit” ou mais roqueiro como “Providence”, entre toques de sintetizador e os ritmos mais dançáveis de “My Number”, “Everytime” ou “Late Night”. Felizmente os Foals não tentaram repetir “Spanish Sahara”, a música-sensação de “Total Life Forever”. Em “Milk & Black Spiders” há um toque etéreo que faz lembrar esse tema, embora se apoie num ritmo mais poderoso e com um crescendo bem construído e denso. “Stepson” também vai pedir emprestado alguma coisa a “Spanish Sahara” mas, ao contrário de “Milk & Black Spiders” nesta faixa não funciona tão bem e soa a requentado.
Para fechar, com serenidade, os Foals escolheram “Moons”, uma faixa que aposta nos teclados e acaba por se interligar na perfeição com o primeiro tema do disco, “Prelude”, gerando um efeito de continuidade quando o álbum volta ao primeiro tema.
“Holy Fire” tem alguns temas interessantes e bem construídos e outros menos épicos mas que acabam por funcionar bem como fio condutor. Não é o melhor álbum do ano (nem de Foals) mas o objectivo do grupo não terá sido criar uma obra-prima. Nem este disco precisa de o ser para funcionar.