Wolf Manhattan é o mais recente projeto de João Vieira (X-Wife, DJ Kitten), mas será que este lobo ainda assusta alguém?
A verdade é que não. Não vale a pena andar com rodeios. Até agora Vieira nunca nos brindou com má música, e também não é com este disco que começa. Mas ainda assim também não cheguem a este álbum com esperanças de algo muito inovador.
Para o universo de Vieira, Wolf Manhattan é algo de novo, e mais que nada, mostra que o compositor é capaz de se mover em vários mundos musicais distintos. Embora aqui se queira uma critica à audição do disco, não posso deixar de destacar com alguma perplexidade a forma como este trabalho foi anunciado. Por um lado, assumidamente de João Vieira, mas por outro, pertencente a um produtor de quarto que viveu em Nova Iorque e tocou com uma guitarra que pertenceu a um famoso artista da Rough Trade. O que se quer aqui? Pedantismo ou uma forma tosca de tentar vender o álbum como se de um desconhecido se tratasse? Precisa o artista de “puxar dos galões” de ter uma guitarra em segunda mão de algum americano? Parece-me que toda a carreira de Vieira fala por si e não precisava disso, mas enfim.
O disco anda algures entre um pop/folk mediano, com canções competentes e nunca surpreendentes. É uma boa companhia, e ainda mostra a versatilidade deste músico. Está perfeito para abrir a tour de Legendary Tigerman. Com um total de 13 músicas em 29 minutos, dá a ideia que se podia ter espremido mais sumo para Wolf Manhattan.
A eletrónica não está completamente posta de parte e surge em “Surveillance Cameras”, “Goodbye” e também em todas as baterias que soam a caixa de ritmos. O experimentalismo também está lá, tímido, em “Those Days Are Gone” ou “Ninety-Nine”, num tom mais brincalhão.
Dá a ideia no geral que foi um disco feito em casa, sobretudo com composições feitas à guitarra e que ele sentiu que não se inseriam em nenhum outro projeto.
Não me entendam mal, o disco é engraçado e convida a várias audições, pelo tom geral, pelo bom que Vieira é. Mas podia ser mais.