“Mais uma volta, mais uma viagem.”
Ou, neste caso, mais um ano, mais uma edição do Vodafone Paredes de Coura! Aquele que é, talvez, o festival mais acarinhado pelos melómanos portugueses volta à Praia Fluvial do Taboão para mais quatro dias da melhor música que por aí se vai ouvindo. Com um cartaz de luxo, a edição de 2015 do festival nortenho tem tudo para ser uma das melhores dos últimos anos, comparando com outros anos do festival e até com os cartazes de outros festivais nacionais. De 19 a 22 de agosto, as margens do rio Coura vão encher-se de boa gente e boa música vai pairar pelos ares húmidos daquela cidade minhota tão simpática, em que todos gostam de todos.
Neste clima caloroso, as festividades começam antes do festival em si. Numa espécie de receção ao campista, estão previstos concertos e DJ sets para os dias 16, 17 e 18 na avenida principal da vila.
Dia 19 (quarta-feira):
É com Gala Drop no palco Vodafone que começam os concertos, às 19h desse dia. Os lisboetas, sempre acompanhados de Jerry the Cat, vão trazer ao anfiteatro natural onde se encontra o palco principal a sua mágica mistura tropical e hipnotizante de sons, sempre a oscilar equilibradamente entre o psicadelismo, o kraut e o balearic beat. De seguida, dois concertos para fazer os pulmões e as pernas trabalhar; Ceremony e Blood Red Shoes, com o volume dos amplificadores no 11, farão tremer o chão com o seu post-punk e rock agressivos. Às 22h30 damos um saltinho aos anos 90: é altura dos Slowdive encherem os ouvidos de todos com o seu shoegaze belíssimo, feito de guitarras líquidas, etéreas e agressivas q.b. e melodias de cortar a respiração. Para fechar o palco Vodafone na primeira noite, temos os nova-iorquinos TV on the Radio a entrar em palco pelas 00h15. A banda, que conta já com quase 15 anos de carreira e traz na bagagem cinco discos, vem ao norte do país apresentar o último Seeds. Um concerto certamente cheio de energia e feito daquele indie rock a que sabe sempre bem voltar. Depois, ainda haverá um after hours, a cargo de DJ Fra, a abrir as hostes no palco Vodafone FM.
Dia 20 (quinta-feira):
As madrilenas Hinds (antes conhecidas como DEERS) abrem o Palco Vodafone FM, às 18h do segundo dia do festival, com as suas guitarras cheias de reverb, num rock descontraído e simpático. Pouco depois, às 18h30, há peixe : avião a começar no palco Vodafone. Os bracarenses trazem à Praia Fluvial do Taboão um single fresquíssimo na algibeira, o que antecipa um novo álbum e, portanto, um concerto diferente do que se possa ter visto até agora. Às 19h tem início o concerto dos primeiros “perthianos” a atuar no festival: a bomba psicadélica dos Pond vai rebentar, no palco Vodafone FM, para trazer a todos alegria e boa energia, ao final da tarde. Em seguida, por volta das 19h50, é tempo de acalmar ao som da folk introspetiva de Steve Gunn. Para quem preferir prolongar o calor do sol dentro de si, o californiano White Fence trá-lo nas suas cordas e promete espalhar a felicidade do seu surf rock psicadélico pelas 20h30, no palco Vodafone FM. Depois, é tempo para um dos concertos mais esperados do festival; Father John Misty traz a sua trupe e as suas canções ao Vodafone Paredes de Coura para um concerto muito especial e, com certeza, caloroso, no qual irá apresentar o último álbum I Love You, Honeybear. É estar no palco Vodafone às 21h20 e deixar-se levar pela magia deste encantador senhor. Cerca de uma hora depois, às 22h25, os dinamarqueses Iceage tomam de assalto o palco Vodafone FM e prometem deixar estragos, com o seu punk abrasivo. Posto este concerto, que se adivinha duro para os ossos, é altura de se dirigir ao palco Vodafone e deixar-se ficar. Primeiro há o Legendary Tigerman de Paulo Furtado, que no seu one man show faz sempre uma grande festa e dá concertos muito bons. E, depois, aquele que é talvez o concerto mais esperado do festival: os outros (em parte, os mesmos) “perthianos” do dia, Tame Impala atuam às 00h45 do segundo dia. Kevin Parker e companhia vão trazer à Praia Fluvial do Taboão um turbilhão de guitarras e teclados, numa bolha onde o psicadelismo e todo o restante universo musical oscilam sempre com bom gosto. Um concerto para o qual as expectativas são muito elevadas, pela qualidade que já lhes conhecemos ao vivo, e no qual os australianos irão apresentar o último disco Currents. É com este espetáculo que termina a programação do segundo dia no palco principal, seguindo-se o after hours a cargo de Rui Maia (X-Wife) a.k.a. Mirror People e Nuno Lopes.
Dia 21 (sexta-feira):
Na tarde do terceiro dia do Vodafone Paredes de Coura, a luso-alemã Nicole Eitner, acompanhada de Alexandre Frazão e Miguel Menezes, formando Nicole Eitner and the Citizens, abre as hostes no palco Vodafone FM pelas 18h com a sua pop melódica. De seguida, às 18h30, a estrear, neste dia, o palco Vodafone tocam os X-Wife, que transformarão o final de tarde numa pista de dança, com o seu dance-punk tão próprio. Depois os granadinos Grupo de Expertos Solynieve trazem ao público nacional, pelas 19h, as suas canções orelhudas (com uma piscadela aos Real Estate), mesmo boas para um final de tarde solarengo; assim se espera que seja. Continuando na mesma onda de música cheia de sol, os Allah-Las trazem ao palco principal, pelas 19h50, as suas guitarras carregadas de reverb, bem à maneira californiana, para nos brindar com o calor da costa oeste e o surf rock com laivos de psicadelismo a que já nos habituaram. Às 20h30 é tempo de ouvir, no palco Vodafone FM, o rock, com uma pitada de folk, de Katie Crutchfield ou Waxahatchee, para animar o início da noite; pouco depois, por volta das 21h20 no palco principal, Mark Lanegan Band, com Phantom Radio saído há cerca de dez meses, traz o seu rock e a sua voz melancólica para, então, nos enviar pela escuridão fora. Por volta das 22h20 é altura de voltar ao palco Vodafone FM para ouvir o post-punk muito próprio dos estadunidenses Merchandise que trazem consigo After the End de 2014 para mostrar às gentes festivaleiras. Findado este concerto, é ir até ao palco principal para escutar a soul/funk do veterano Charles Bradley e dos seus Extraordinaires. Uma das surpresas da edição do ano passado do NOS Primavera Sound, espera-se que traga consigo a mesma energia e entrega que mostrou nesse concerto. Se assim for (e com certeza que assim será), temos espetáculo; 23:15 é a hora marcada para a festa. A fechar o palco Vodafone, e com início marcado para as 00:45, os The War on Drugs começam aquele que irá ser um dos concertos mais belos desta edição do Vodafone Paredes de Coura. Donos do álbum do ano de 2015 para o Altamont, as guitarras cheias de delays e reverbs e tudo mais da banda Adam Granduciel e as fantásticas canções que compõem a sua discografia não deixam espectar outra coisa senão um concerto magnífico. Na terceira noite do festival, o after hours no palco Vodafone FM fica entregue à indie pop dos nova iorquinos Tanlines e a Richard Fearless.
Dia 22 (sábado):
A tarde do último dia começa com música para a noite profunda; é o house de Holy Nothing que se irá ouvir no palco Vodafone FM, às 18h. Meia hora depois, no palco Vodafone, é altura para começarem a ecoar as melodias doces da Banda do Mar na colina da Praia Fluvial do Taboão. Por volta das 19h, no palco secundário, Natalie Prass apresenta ao público português o seu homónimo de estreia, deste ano, num concerto em que irá imperar a sua doce voz e uma pop despretensiosa, combinação que deixará muitos de sorriso na cara e curiosos acerca desta senhora. Ao cair da noite, pelas 19h50, temos os Woods a atuar no palco Vodafone, onde vão fazer brilhar o seu folk-rock psicadélico e, pouco depois no palco secundário, o concerto de Sylvan Esso. Mais tarde, às 21h20, voltando ao palco principal, vão brilhar mais umas das estrelas do neo-psicadelismo: os britânicos Temples trazem consigo o álbum de estreia Sun Structures, cujas músicas carregadas de efeitos levarão muitos festivaleiros para lugares distantes. Continuando na saga “viagens sem sair do lugar”, mas com um som mais pesado, temos os Fuzz de Charlie Mootheart e Ty Segall, que atuam às 22h20 no palco Vodafone FM. Depois, pelas 23h30, a cantautora sueca Lykke Li irá espalhar a sua magia pelo público nacional, no palco principal, com as suas canções feitas de uma pop bem diferente do resto e a sua voz suave. E para fechar o palco Vodafone temos o duo de electrónica Ratatat. Na quarta e última noite, a despedida no after hours é negra e catártica: temos The Soft Moon, pelas 02h00 no palco secundário, a brindar-nos com o seu post-punk gélido e pulsante. Depois ainda há a tecnho minimal de Sascha Funke para encerrar a vigésima terceira edição do festival.
No entanto, o que se passa no recinto do festival não é tudo. Com uma distribuição por dias ainda desconhecida, mas a funcionar de dia 20 a 22, o palco Jazz na Relva recebe este ano artistas como os portugueses Peixe ou Penicos de Prata, entre outros. A juntar a isto, o Vodafone Paredes de Coura volta a inovar, introduzindo uma nova iniciativa de nome Vodafone Vozes da Escrita. Nela, vários autores irão estar no palco Jazz na Relva, entre as 13h e as 14h30 para aquilo que se adivinha ser uma conversa descontraída, com o rio ali por trás. Na lista de convidados estão Carlos Vaz Marques, Matilde Campilho, Pedro Mexia e Rui Cardoso Martins.
Fica feito o guia. Agora é escolher o que mais lhe agrada e ir ouvir música, no mais belo festival nacional. Mais uma vez, o Altamont lá estará a cobrir o festival. Até depois!
[Pode ver os horários e a distribuição dos artistas pelos palcos do festival aqui]