Um álbum de amadurecimento, com mais densidade e corpo, intenso, de guitarras poderosas, mantendo a irreverência.
O segundo álbum de estúdio de Wet Leg era aguardado com alguma antecipação. O sucesso do primeiro disco, que catapultou a banda para o estrelato, no seu registo de indie rock irreverente, gerou curiosidade sobre como seria o novo trabalho de estúdio.
Pois bem que chega moisturizer, um disco indie rock fresco, um álbum de amadurecimento, com mais produção mas mantendo a habitual irreverência.
Neste novo trabalho, a banda tornou-se um quinteto, com a inclusão formal de Josh Mobaraki, Ellis Durand e Henry Holmes, que se juntam à formação original, composta apenas por Rhian Teasdale e Hester Chambers. Esta nova composição da banda ajuda à densidade do disco, que apresenta um som mais robusto e coeso.
Os riffs são poderosos, como vemos em “CPR” ou “cath these fists”, o primeiro single, com uma mensagem feminista clara (“Man down!”). Todas as faixas são rápidas e curtas (12 músicas, menos de 40 minutos), dançáveis e com bom potencial para fazer saltar em concertos.
moisturizer aprofunda o tema do amor conflituoso e de descoberta de identidade, com canções declaradamente queer, inspirado na relação de Rhian Teasdale com uma pessoa não binária, que conheceu num festival em Portugal em 2021, segundo disse ao “The Guardian”.
Também na produção se notam diferenças: a colaboração Dan Carey (produtor de Kae Tempest ou Nick Mulvey) mantém a energia ao rubro mas introduz camadas que tornam as canções mais densas.
Em “jennifer’s body” vemos a inspiração post-punk dos anos 90 e em “mangeout” há uma energia pop latente. Em “Pokémon” temos sintetizadores e inspiração shoegaze; e em “don’t speak” impera a distorção. Já “Pond Song”, escrita por Hester Chambers, desacelera o ritmo e é quase uma balada. A fechar temos “u and me at home”, leve e suave, para encerrar o disco num tom mais positivo e amoroso, quase melancólico.
moisturizer é um passo confiante a caminho do futuro de Wet Leg: mais composto, com nova formação e uma produção mais cuidada, entregando um conjunto de canções sólidas que levam à reflexão, se assim o quisermos. Vale a pena ouvir uma e outra vez e descobrir as diferentes camadas escondidas em cada faixa.