A viver um segundo (ou um décimo-segundo) fôlego na sua carreira, com a redescoberta do seu clássico de 1978 10.000 anos depois entre Vénus e Marte, José Cid promete explorar novamente esta via do rock progressivo. Depois de, este fim de semana, ter levado o seu show rock à Aula Magna, em Lisboa, e à Alfândega, no Porto, Cid vai apresentar este mesmo espectáculo no regresso do Festival Vilar de Mouros, que decorre entre 31 de Julho e 2 de Agosto. E, mesmo que não haja mais datas ao vivo, José Cid promete não voltar, tão cedo, à sua mais conhecida faceta ligada à música ligeira.
É que começará, em breve, a trabalhar num novo disco de rock sinfónico, com o músico a revelar, nestes últimos concertos, alguns pormenores acerca desse projecto. Vozes do Além, com edição prevista para 2015, volta à senda conceptual de 10.000 anos. Se aquele disco revelava a vida de um casal de humanos numa nave, pelo espaço, em busca de um novo planeta onde tudo recomeçar após a destruição do planeta Terra, este Vozes do Além conta a história de um guitarrista rock que morre no regresso a casa, depois de um concerto. É uma história que vive, nas palavras de Cid, “do sonho de que haja outras vidas”, como afirmou na Aula Magna. Neste espectáculo tocou quatro temas desse novo trabalho, entre eles o próprio Vozes do Além e Um Dia. Dessa apresentação ficaram duas ideias-chave: força e muita promessa nos temas mais rápidos, com um rock ácido mais assente numa explosiva guitarra eléctrica do que no sintetizador de Cid; e alguma apreensão com os temas mais lentos, com Cid a não conseguir fugir a um registo baladeiro que conhecemos, e não apreciamos particularmente, de outras das suas vidas artísticas.
As letras terão como base poemas de Sophia de Mello Breyner e Natália Correia, que Cid homenageou nestes últimos concertos.