Em 2005, ao quinto disco, os White Stripes eram uma máquina rock bem oleada e inspirada – aquilo que, na verdade, nunca deixaram de ser depois de se consolidarem como uma grande banda.
Mais centrado no piano que os discos editados até então, Get Behind Me Satan é, por isso mas não só, talvez o disco da dupla em que a serenidade é mais evidente que o rock intempestivo e mais feroz. A abertura, “Blue Orchid”, é tudo o que se conhecia dos Stripes até então, mas é enganadora: temas como “My Doorbell”, “Forever For Her (Is Over For Me)” ou “As Ugly As I Seem” são alguns dos momentos maiores e vivem mais da contemplação que da tenacidade.
A glória dos Stripes era já então por demais evidente: Get Behind Me Satan não revolucionou o som do grupo, não é, visto à distância, o trabalho mais emblemático de Jack e Meg, mas é uma banda em ponto de rebuçado, com o toque de midas – quase tudo aqui é no mínimo muito bom, inspirado, salvífico.
“The Denial Twist”, piano no centro, é outro dos rebuçados maiores de Get Behind Me Satan; “Take, Take, Take”, piano e guitarra acústica, é White Stripes vintage; “Passive Manipulation”, reconhecemos, é dos temas menos fortes, algo não alheio a ser Meg White a cantar na faixa – e também ao facto de durar pouco mais de 30 segundos.
Nem sempre os White Stripes foram, à época, valorizados como necessário. Recuperá-los hoje é, mais do que um apontamento, uma necessidade.