The Stooges é um marco desse longíquo ano em que Armstrong pisou o solo lunar. Nada foi igual desde então.
Se 1969 foi um ano de viragem na História, também a música teve o seu papel importante nessa mudança. Os Stooges, com este seu álbum homónimo, foram uma das lanças aque esventraram o coração dos hippies e a sua paz e amor, com performances avassaladoras em concerto, trazendo o caos para os holofotes. Os dois primeiros álbuns dos Stooges são mesmo um caso de estudo perfeito de como uma banda consegue marcar o seu território com uma estreia ao destruir o que havia sido feito até então, e depois destruir sistematicamente esse seu mesmo território no segundo (Fun House)
Uma música típica dos Stooges deste início de carreira envolvia dois minutos de música composta, seguidos por vários minutos de improvisação, dando ao caos espaço e tempo para progredir livremente pela guitarra de Ron Asheton e pelas cordas vocais de Iggy, urros, gritos, grunhidos, tudo e mais alguma coisa podia acontecer. Tudo na banda era desorganizado, quando chegou altura de gravar nem músicas suficientes tinham, e ainda para mais com um lunático John Cale a produzir dá para imaginar o que terão sido aquelas sessões. Disso se ressentiu o álbum, que tem claros altos e baixos, falhando Cale em conseguir transportar para a gravação a grande força motriz da banda – a energia do palco. Mas é o pior que podemos dizer de um disco que tem três clássicos rock imbatíveis, “1969”, “No Fun” e “I Wanna Be Your Dog” só por si valem carreiras inteiras de bandecas que aí andam.
O que é facto é que, na altura, ninguém viu nos Stooges mais do que uns lunáticos drogados, tendo a banda terminado em 1971 sem dinheiro, viciados e prontos a serem esquecidos. Não fosse um tal de David Bowie pegar neles uns anos depois para os reactivar e se calhar nem estaria aqui a escrever este texto. Tudo seria diferente sem os Stooges.