Nascidos no Porto em 2012, os The Lemon Lovers parecem ter pressa. Depois de se estrearem nos longa duração em 2015, com Loud, Sexy & Rude, já estão de volta com novo disco, o recente Watching The Dancers.
A distância entre edições é de apenas um ano civil, mas o salto sonoro e estético é apreciável. No novo disco, os quatro rapazes desaceleram profundamente. Se o álbum anterior era tudo – como o próprio nome indicava – energia, garra e velocidade blues-rock, agora o jogo mudou. Watching The Dancers mantém em muitos temas a matriz blues, mas insufla essa estrutura de muitos outros condimentos, o que acaba por ajudar a fugir às limitações inerentes a uma fórmula com muitas décadas em cima.
Boa parte da responsabilidade desta “nova vida” parece dever-se ao protagonismo assumido pelo teclista Rui Souza, que ganha espaço para o seu piano e o seu sedutor Hammond (ouça-se o som quase prog da faixa de abertura, “The Same”). A segunda faixa, “From Mars, With Love” dá-nos outro exemplo, de como a velocidade deu lugar à inventividade. A mesma estrutura blues, sim, mas que trava a meio para uma voltinha de exploração que sabe sempre bem (com lugar para discretos sopros e tudo).
“Silly Girl” serve para ilustramos um ponto comum ao disco, um paralelismo ao que os Black Keys fizeram no último álbum, menos acelerado mas mais sensual (“Wrong” é outro exemplo deste som mais distendido). Já “Mexican Way”, o segundo single, acaba por ser um ponto de entrada interessante no disco, começando mexido e bem disposto, com um interlúdio de acalmia até o carrossel arrancar de novo. “Liver and Soul” traz-nos exactamente esta última, com direito a coro e tudo.
A despedida, com “Seed”, é um momento acústico que nos embala depois das viagens anteriores.
Com Watching the Dancers, gravado totalmente em fita analógica, os The Lemon Lovers cresceram, perderam o medo de explorar e, com isso, tornaram o seu som mais original e estão mais próximos de uma identidade própria.