Coral ao Vivo eleva o vanguardismo que os Gift nos apresentaram há dois anos a novos patamares. Mais urgente e espinhoso do que em estúdio, mostra uma banda que não consegue estar parada, procurando reinventar-se a cada obra, espetáculo, momento. Novo triunfo.
Sobre Coral, último de originais dos quatro de Alcobaça, já o Altamont escreveu – falámos na ocasião de uma “nova sonoridade, muito portuguesa, muito melancólica e surpreendente”, elogiámos o risco por trazer um coro para a eletrónica pontiaguda dos Gift, muito mais coisas dissemos, sempre em tom elogioso.
Dois anos volvidos, muitos concertos depois, eis o retrato ao vivo da atual fase do grupo: Coral ao Vivo não é a réplica do disco de 2022 com palmas ao fundo, mas reconhecemos que tem outro sabor para quem assistiu a algum destes espetáculos ao longo da digressão de apoio ao disco (que ainda prossegue).
Novidades? Um tema novo, não incluído no disco (“Nocturne”, ótima mas não tão fundamental como “Um Lamento”, “O Regresso” ou “Cancun”), e revisitações várias – se “Love Without Violins” ou “Music” soam relativamente próximas dos originais, as novas roupagens de “Ok! Dou You Want Something Simple?” e especialmente “Primavera” podem ser mais divisivas, tal a mutação verificada.
Não sabemos o caminho próximo dos Gift. Alguns pedirão, depois da exigência que nos foi solicitada com a etapa Coral, um regresso à pop mais luminosa. Uma novidade para quem não está muito por dentro do percurso do grupo: esperem o inesperado e não contem com facilidades.