Quase uma década depois de terem surgido com o primeiro disco, este novo trabalho dos Drums mantém a jovialidade dos miúdos indie na sonoridade, com o crescimento a ver-se, sobretudo, nas letras.
Quando surgiu “Lets Go Surfing”, o single de estreia, em 2010, a toada dos Drums era assobiada em todo o lado. Estava-se no auge do indie rock e estes novos miúdos faziam lembrar Beach Boys, praia e fim de tarde.
Quase 10 anos depois e com outros álbuns pelo meio, The Drums regressam com este Brutalism, um disco em que a formação original mantém apenas um dos elementos, Jony Perce, que este já considera ser o seu projeto a solo – mas nem por isso deixa de soar a The Drums.
O trabalho é sobretudo indie pop, continua borbulhante e bem disposto, como é patente no single de estreia, “Body Chemistry”, a ir buscar influências ao disco dos anos 70 e 80, e também em “626 Bedford Avenue”, embora também se aventure pelo experimentalismo, em “Brutalism”, que dá nome ao disco, ou “Loner”, onde impera a distorção das guitarras.
Em “I Wanna Go Back” os Drums brincam com os ecos, sobreposição de vozes e sintetizador ligeiro e “Nervous” assume-se como uma balada leve e ligeira, que podia ser cantada à volta da fogueira numa praia na Califórnia. A fechar, “Blip of Joy”, guitarra ligeira e pouco mais, embora não desiluda.
Pouco mais é o que se pode dizer deste trabalho novo dos Drums. As canções não ficam na memória e mesmo o single, interessante, acaba perdido entre tanta coisa nova que entretanto saiu.
Brutalism é um trabalho de produção interessante, onde as letras pesadas contradizem o tom alegre das músicas, e é um regresso fresco depois de alguns álbuns menos bem conseguidos. Ainda assim, a banda de Jony Perce não conseguiu passar aquela barreira entre entregar um álbum que cumpre e entregar um álbum bom – e começamos a duvidar que consiga, de facto, lá chegar (ou talvez nem queiram).