13 anos depois do último concerto. 14 anos depois de Only Pain is Real. 16 anos depois de se tornarem um fenómeno nacional com Silence Becomes It – um dos discos mais vendidos de sempre na história de indústria discográfica portuguesa – e de terem sido escolhidos para encerrar a Expo 98’. Sim, já passou mais de uma década. Números que se calhar nos fazem sentir velhos. Mas isso de nada importa, quando nos apercebemos que a nossa memória está melhor do que nunca. As letras dos Silence 4 permanecem na ponta da língua, como se o fenómeno fosse ontem.
“Songbook 2014” foi o nome que deram à digressão que pretende “celebrar a vida” através da música. É que Sofia venceu a dura batalha do cancro, e o David, o Rui e o Tozé não tiveram dúvidas quando lhes foi proposto comemorar tremenda vitória. Para eles, a reunião dos Silence 4 não tinha razão de ser até este momento. E por cada bilhete vendido nesta mini-tourné de 4 concertos 1€ reverte a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
O Meo Arena encheu com uma vontade imensa de recordar os gloriosos anos 90. “Little Respect”, “Old Letters”, “Dying Young” e “Borrow” fizeram as honras e as gargantas permaneceram em uníssono com o quarteto, que contou com a colaboração de Paulo Pereira ao piano e Sergio Godinho, que subiu ao palco para cantar “Sexto Sentido”. E eis que surgem os primeiros acordes de “My Friends”, que fazem descer do tecto cadeiras suspensas e um Ford Capri Azul de farois acesos. David não perde tempo e sobe para cima do capot com o seu amigo Megafone. Pelo meio não foram esquecidas “Eu Não Sei Dizer”, “Ceilings”, “To Give”, “Only Pains is Real” ou “Sleepwalking Convict”.
Mas para além de divertida, esta reunião teve momentos emocionalmente marcantes. O primeiro deles com “Angel Song”. Sofia tinha dito que, caso perdesse a sua luta contra a leucemia, gostava que a banda voltasse a tocá-la, mas para deixarem o púbico cantar o seu momento a solo: “Hello. Don’t be scared. I want you to know you’re not dead”. Mas hoje ela estava ali, viva e com voz, agarrando-se ao microfone cheia de força e a fazer toda uma multidão ficar em pele de galinha. E quando, de repente, as luzes do palco principal se apagam e, no centro do recinto, todo um palco secundário e circular se monta – onde os Silence 4 se viraram para o acústico – Sofia fez questão de dedicar “Together We Are Invincible” à sua irmã. Foi dela que recebeu a medula que a salvou. É a ela que está eternamente grata pela força, quando a vontade de continuar a lutar se desvanecia. No final, e de lágrimas nos olhos, a irmã fez questão de correr para o palco circular, onde decorreu um abraço que, mais uma vez, deixou todo um pavilhão emocionado.
Uma gratidão imensa pelo apoio. Uma vontade enorme de retribuir. Os Silence 4 voltaram para o palco principal, para onde chamaram toda a equipa da LPCC. Porque só com uma voz activa e mediática é possivel chamar realmente a atenção para uma causa como esta, ficámos a saber que voltar a reunir o fenómeno da música portuguesa dos anos 90, originou 30.000€ a favor desta entidade, que prometeu continuar a ajudar e dedicar-se à investigação para a cura. Sim, é possivel! Sim, há esperança! Festejemos a vida!
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