Antes do mais quero vir aqui fazer o elogio aos organizadores, especialmente ao Miguel Pereira, destas “Sessões Tubarão” pela ideia. Um projecto que as bandas e músicos nacionais podem agradecer e que poderá dar frutos mais tarde, leia-se, reconhecimento. A escolha do espaço também nos pareceu bastante interessante. Um local pouco usual, fora da esfera Bairro Alto/Av. Liberdade e com a “agravante” de ser numa igreja. Quão estranho e belo é tocar a música do “demo” na casa do Senhor?
E na casa do Senhor teve lugar a segunda sessão tubarão, desta vez com a presença de TapeJunk, projecto paralelo de João Correia, vocalista dos Julie & The Carjackers e baterista com Frankie Chavez, Minta e Walter Benjamin, que foi o lado-B (Ou A, dependendo do ponto de vista)deste concerto.
Ora e que melhor Avenida (Estados Unidos da América) para ter o som que ouvimos ontem, especialmente o de TapeJunk. Um Country-Rock vindo da América profunda, onde nos imaginamos em qualquer alpendre a mascar tabaco numa cadeira de baloiço. E João Correia tem uma coisa muito boa que nem todos os músicos nacionais têm. Uma voz com quase nenhum sotaque e um modo de cantar muito americano. Quase perfeito para este tipo de música. E os Tapejunk, com Frankie Chavez, são uma banda que vai do Bluegrass ao Country-Rock ao Indie Folk e se as primeiras músicas não aqueceram muito o ambiente, as que se seguiram foram dos pontos mais altos do café-concerto. As boas notícias é que as primeiras músicas não vão entrar no disco. E sem dúvida que a slider guitar de Frankie Chavez faz toda a diferença no som final. Para bem dos Tapejunk este Chavez continua bem vivo e maduro.
Walter Benjamin(não confundir com o filósofo alemão) foi o senhor que seguiu. Nascido Luís Nunes, este senhor também nos traz os sons da América mas esta é muito mais melancólica e sofrida do que a trazida pela agora sua banda de apoio, TapeJunk. Entre momentos mais calmos e outros mais rockeiros (estes muito bons, especialmente as últimas duas músicas), Walter Benjamin mostrou-nos que, acima de tudo, é um músico (além de produtor). Toca vários instrumentos, e bem, e tem, ele também, uma voz praticamente sem sotaque.
Lisboa precisa de projectos assim, os músicos nacionais agradecem e os ouvintes também. Ficamos à espera de mais sessões que se prentendem que sejam mensalmente. Venham os próximos.
Fotos: Duarte Pinto Coelho