Dear Telephone: Com Dear Telephone, até as bombas na piscina adocicaram. Entre compassos sensitivos e murmúrios que nos roubam o coração, a Piscina Red Bull Gang City ficou submersa numa brisa que aquele dia tão quente requeria. Graciela Coelho, Ricardo Cibrão e André Simão (de La La La Ressonance), Pedro Oliveira (baterista dos Peixe:avião) voltaram ao festival para nos levar a pairar em composições minimalistas que trauteamos no conforto da toalha o resto da tarde.
Riding Pânico: O calor do palco Piscina Red Bull City Gang não foi o melhor para acompanhar o concerto que nos esperava. Riding Pânico, já muito familiarizados com o festival, tiveram a participação especial de Miguel Abelaira, baterista de Quelle Dead Gazelle, deixando Hélio Morais a acompanhar na percursão. Bastante gente reuniu-se à volta do palco, como já é costume para este conjunto de post-rock. Não deixou de concretizar todas as expectativas dos “milhionários”, deixando um bichinho que pede para os rever num palco maior.
Jambinai: O sol ainda iluminada o palco Milhões quando entram os Jambinai. Banda coreana de rock experimental com forte ligação às suas raízes, tanto no que toca aos instrumentos que apresentam como na sua sonoridade. A mistura perfeita entre post-rock pesado com tons melódicos vindos do arco “haegeum”, a cítara “geomungo” ou mesmo o sopro “piri” pôs um ligeiro headbanging numa admirável harmonia com corpos a embalarem-se. Mais uma vez, o Milhões de Festa mostra-nos pequenas pérolas num fim de tarde que suplica por mais uma visita deste quinteto sul-coreano.
Chelsea Wolfe: Esperar pela Chelsea Wolfe vale sempre a pena, mesmo que seja por mais de meia hora. Atrasos aparte, o segundo concerto em Portugal da norte-americana veio confirmar a sua recente popularidade. Pain is Beauty prevaleceu durante a grande maioria do concerto, com o tão particular folk pleno de negrume, espiritual e uma beleza tão óbvia mas tão tímida. A presença em palco de Chelsea é notável, com uma aura (se me permitem) quase divina, conciliada na perfeição com a cadência hipnotizante da sua música.
Fumaça Preta: Exibindo batas verde-água e até uns boxers com padrão tribal, a fusão de rock com um pezinho de samba alastrou-se por todo o palco Vodafone FM. A fusão de nacionalidades na banda é evidente na sua musicalidade: Alex Figueira é luso-venezuelano, Kika Carvalho é paulista, Stuart e James são ingleses. Os corpos dançantes aqueceram a noite Barcelense ao som destes herdeiros d’Os Mutantes que nos arrastaram (de bom grado) numa viagem musical pelos sítios mais quentes do globo.
The Vicious Five: Chegou a hora de dizer adeus aos Vicious Five. Os vários conflitos entre a banda e o público foram bem sublinhados e abertamente protestados por Joaquim Albergaria, afirmando ser mais punk a dormir que todos os presentes ou até mesmo dedicando uma música com uma mensagem menos agradável para a mãe de alguém que estava a perturbar o concerto. Mesmo esses momentos fizeram sentido em todo o ambiente frenético de punk onde se recordaram os álbuns Up on the Walls e Sounds Like Trouble quase na sua totalidade. Foi uma despedida com o devido encanto.
Sensible Soccers: É impossível duvidar que Sensible Soccers trazem sempre concertos memoráveis e repletos de vida a qualquer sítio em que passem. Com direito a uma performance que quase se assemelhou a uma aula de aeróbica por um membro desconhecido vindo do backstage, mexendo-se freneticamente ao som dos ritmos dignos de bailarico (no melhor sentido possível da palavra), usando apenas uma t-shirt e roupa interior. O quarteto que nunca falha terminou com a tão conhecida “Sofrendo Por Você”, deixando o palco Vodafone FM com energia suficiente para espalhar nas seguintes horas, com os ritmos turcos envolvidos em electrónica de Baris K.