Venha de lá essa troca de piropos!
Não se deixem enganar pelo título; não é para tentar disfarçar uma actuação que não valeu a pena. Os Local Natives proporcionaram um óptimo concerto na noite de domingo, num cenário que mais se assemelhava à sala em casa de uns amigos, onde outros que têm uma banda foram tocar. A certa altura só me lembrava de duas pessoas a terem esta conversa: “tu és o máximo”… “não, tu é que és, és espectacular!”… foi quase assim a empatia entre a banda de Los Angeles e o público.
O vocalista/guitarrista Tyler Rice confessar-nos-ia no final que “a sala era pequena mas tinha corações grandes, o que compensou”, afirmando, sem querer “ferir suceptibilidades”, que este foi, “certamente, o melhor concerto de toda a tour europeia”. Sem termos visto os outros, acreditemos.
Para abrir o concerto, Rice lançou “Breakers” – uma das maiores referências do último álbum, Hummingbird -, com um sorriso. E foi como acender um rastilho. Braços no ar, vozes ao rubro, corpos a soltarem-se ao ritmo enérgico da música, e sorrisos entregues de volta. Destaques seguintes para “Wide Eyes”, “Warning Sign” (cover dos Talkings Heads) e “You & I”, tema cantado por Kelcey Ayer (nas teclas), que não começou sem este ter dito que a sua mulher era ¼ portuguesa, mas que, olhando para o público feminino na sala, gostava que ela fosse 100%. E os elogios iam surgindo, de parte da parte; um jovem atirou um “marry me” a Tyler Rice e em retorno teve direito a dedicatória na música “Shape Shifter”, do primeiro álbum do grupo, Gorilla Manor (2008).
As músicas ganharam corpo, intensidade e força no concerto, face aos discos. A actuação continuou com temas como “Mt Washington”, “Airplanes”, “Heavy Feet” e “Who Knows, Who Cares”, que encerrou a primeira parte, com os “oh-oh, oh-oh” cantados pelo público a preencherem o intervalo até ao regresso para o encore. Para o fim ficou “Sun Hands” e a promessa de um regresso para breve.
A dois espectáculos do final da digressão (com 187 concertos), e do início de um período de descanso, os Local Natives dizem que cresceram neste último ano; “o próprio disco tem, de certa forma, crescido no nosso público, toda a gente canta sempre connosco e sabe as músicas”.
A banda tinha já actuado este ano no Optimus Primavera Sound e dito, mais que uma vez, estar apaixonada pelo Porto, pelo que havia uma questão incontornável: qual a cidade que gostaram mais? Rice responde: “Passámos uma semana inteira no Porto, por isso já leva uma grande vantagem. Mas hoje [domingo] também tivemos um dia espectacular, posso afirmar que, comparativamente, as duas já nos são igualmente queridas”. Estará só a ser politicamente correcto? ‘Who knows, who cares’…
(Fotos: Hugo Amaral)