SUNFLARE. Com maiúsculas. Um power trio. Um poder de trio. Um trio do caralho – desculpem, tem que ser assim. Hard-rockers. Post-punkers. Heavy-noisers. O que seja. Psicadélicos. Barulhentos. Duros. Secos. Pesados. No baixo, ritmos circulares e viciosos. Uma bateria que explode e pratos que chiam. A guitarra ora atenta e rítmica, ora distópica, em desalinho, desinteressada de tudo o resto, viajando orbicularmente pelos cantos da sala em distorções estraçalhadas e feedbacks revoltos. SUNFLARE. Depois da passagem dos Destruction Unit e dos Acid Mother’s Temple na ZDB – porque não? Um espectáculo de luzes estroboscópicas e um assalto visual de dez minutos para começar que empurrou para longe os espectadores menos preparados. SUNFLARE. Uma banda que renega a canção e abraça o caos e a combustão descontrolada. Uma energia colossal, um espectáculo como o nome da banda: em maiúsculas. Foi tanto assim que não tiveram receio de terminar o concerto quando o público só há pouco tempo tinha começado a aquecer.
Pouco mais de uma semana depois da passagem dos Acid Mother’s Temple pela ZDB, nova banda underground japonesa. Com apenas dois anos de existência, observo no segundo EP das ZZZ’s, Magnetica, uma agradável evolução que levemente se desprende do No-wave demasiado No-wave e se apresenta mais sujo, mais punk, mais anárquico. E no concerto de sexta-feira: ainda mais sujo, ainda mais punk, ainda mais anárquico, descontrolado, intenso; ainda menos 80’s, ainda menos harmonioso, menos preso, menos princípio-meio-fim. Se a bateria lá continuou suficientemente metronómica para soltar as pernas do pouco público presente,
o baixo assumiu-se bastante mais distorcido e a guitarra surpreendeu, desprendida e voadora, gritando e guinchando em oscilações demenciais. Como também as vozes da guitarrista e baixista, quando apareciam. Na intermitência entre os momentos noise e os momentos melódicos, ganhou o primeiro, e no fim as cinquenta pessoas na plateia clamaram pelas ZZZ’s como se elas… bem, sei lá. Uma força inesperada e um grande concerto.
A ZDB termina o mês de Novembro como um concerto de Jarboe (ex-Swans) no próximo dia 27.
(Fotos: olhos(«Ä»)zumbir)