É certo que nos dias que correm Indie acaba por ser mais mainstream que Katty Perry, mas certo também é que há muita coisa que vem rotulada de origem como Indie e de forma até algo depreciativa. Um claro exemplo desta vaga são os Local Natives. No seu primeiro álbum, Gorilla Manor, lançado em 2009, a banda recolheu boas críticas mas não o estatuto que lhe permitisse chegar às bocas do comum dos mortais. Logicamente pessoas diferentes de tu e eu.
Depois de 4 anos a marinar, surgem inteiramente renovados, mostrando que não só que a pausa ajudou, como a fantástica colaboração/produção de Aaron Dessner – para os que desconhecem, este senhor é o guitarrista de The National – os levou a um patamar completamente diferente.
Hummingbird sai disparado para o top de 2013, sem questões, com muitas certezas e uma confiança inequívoca que chega a dar a Local Natives uma certa áurea de perfeição.
Ao ouvir Hummingbird tenho a sensação de estar numa sala de aula onde alguém calmamente me explica o porquê, o quando e a razão em que me baseio para fazer coisas parvas. Um hino à calma, ao sossego e ao bom sexo.
Por entre 11 temas somos confrontados com autênticos hinos musicais. Hinos à nossa geração, às fantásticas pessoas que nos fizeram e às que nós faremos.
Começo por destacar “Heavy Feet”, tema que nos traz aquela brisa de revolta amorosa que me parece fazer todo o sentido nesta vida cruel: “Careful what you say next, don’t waste a scene, you’re drunk”, menção também para “Breakers”, que é do mais cativante que o ano terá para nos dar. Não dá mesmo para parar de ouvir, ou melhor, talvez dê mas eu não quero: “Just don’t think so much, don’t think so much”.
A fechar o capítulo de Hummingbird temos “Bowery”, que nos chega em tons épicos, deixando no ar a enorme vontade de voltar a começar tudo de novo.
Mas o grande destaque vai para “Three Months”. Esta faixa merece estar em repeat pelo menos durante 2 horas, em completa solidão e de luzes bem apagadas. Reflexão parece ser a palavra de ordem.
“I am ready / To feel you”
Um orgasmo musical? Talvez e não só.