As festas Black Balloon, organizadas por Pedro Ramos da Radar, regressaram ao Lux na sexta-feira, 18 de outubro, com os lisboetas Quelle Dead Gazelle, e os Glockenwise, de Barcelos. Duas bandas que não podiam ser mais diferentes.
Os Quelle Dead Gazelle são formados por Miguel Abelaira, na bateria e Pedro Ferreira, na guitarra e são uma banda de pós-rock experimental e instrumental. Ganharam o concurso Termómetro e lançaram um EP em Abril que já esgotou, mas que dá para ouvir na net de borla, sem dó nem piedade.
E os Glockenwise são – e atenção que a descrição é deles e não nossa – “uma banda de garage rock de Barcelos, logo uma merda”. Foi assim que se apresentaram, mas goste-se ou não do estilo, os quatro rapazes que – pela conversa a meio do concerto, andam todos na faculdade – não são uma merda.
São uma banda de garage rock… ou de punk rock com laivos de Beach Boys.. ou de garage punk rock. O estilo encaixa em qualquer uma das definições, para quem gosta de ter as coisas arrumadas. No fim de contas é música bem feitinha e bem tocada. Não é memorável, mas objetivamente há que dar o devido mérito, principalmente ao vivo, onde ganha bem mais interesse, também por causa da pinta do vocalista que até pôs o Zé Pedro dos Xutos a rir. Ele que assistia ao concerto ao fundo da sala.
Nuno Rodrigues parece-se com o típico frontman de banda punk rock dos anos 60: magro e franzino, cabelinho bem cortado, polo por dentro das calças com botão apertado e com um ar envergonhado, mas que depois é um gajo cheio de piadas e de energia, muito interactivo e que fala sempre num tom acelerado, a condizer com a música: os temas são todos curtinhos, saltitantes e com muitos coros e yeahs yeahs.
Não é por isso de estranhar que o concerto tenha durado pouco mais de 45 minutos, privilegiando os temas segundo álbum, Leeches, que foi produzido por João Vieira dos X-Wife e que estavam a apresentar na sexta à noite. Destaque para canções como “Mood Swings”, “Napoleon” ou “Leeches” capazes de fazer dançar o corpo mais exausto.
E por falar nisso, os Quelle Dead Gazelle não puseram o Lux a dançar mas sim congelado e em silêncio, a prestar muita atenção ao duo lisboeta. A música dos Quelle Dead Gazelle é bipolar, mas se há sítio onde bipolar é bom é na música. Os temas começam melódicos e de repente dá-lhes um ataque de fúria e depois voltam a melodia, ora mais calma, ora mais compassada, e depois voltam a rasgar de novo. Nalguns temas juntam elementos mais dançáveis – como no excelente single “Afrobrita” -, mas não há cá eletrónicas, apenas um regresso ao beat dos anos 70.
No fim do concerto, se houvesse EP à venda tinham esgotado todos. De novo.
Fotos: Hugo Amaral