Era uma sexta-feira ainda em horário de Verão, as ruas enchiam-se e o público dividia-se. Four Tet no Lux, Portuguese Festival Awards na aula Magna, The Dirty Coal Train no Sabotage e, mesmo ao lado, no MusicBox, o penúltimo dia do Jameson Urban Routes. O festival tinha arrancado no dia 16, com grande aposta na electrónica, mas aquele dia era uma especial excepção. Havia rock no Cais do Sodré.
Lá foram diziam casa cheia, antes sequer de começar. Lá dentro os Riding Pânico preparavam-se para voltar a actuar em Lisboa depois do concerto de apresentação do seu Homem Elefante, em Junho. E foi este o álbum que dominou grande parte da setlist que satisfez toda uma audiência. Houve claro tempo para a arrebatadora E Se A Bela For O Monstro e para o remoinho de emoções de Running Kids. Avassaladores.
Seguiam-se os If Lucy Fell. Tínhamos saudades. Já não eram vistos pelos palcos desde 2011, sem contarmos com as presenças dos elementos noutras bandas: Paus, Linda Martini, Riding Pânico e Filho da Mãe. Tinham um público bem aquecido e frenético, com ânsias de gerar o caos. A violência do instrumental e da voz já antecipava um mosh, mas nós agradecíamos a descarga. No meio da confusão ainda se conseguiram distinguir os riffs desgarrados de Colossus Kid e Lady Sam, mas foram os de She Lives/She Dies que marcaram uma despedida incerta.
O ambiente estava criado para receber os americanos No Age, que nos traziam outra dose de descontrolo. Dentro da noite que era, satisfez q.b., mas prostrou as expectativas que se têm com o único nome internacional do dia. Ainda que dentro do experimentalismo, soaram meio atabalhoados e meio assíncronos. Salvou uma Fever Dreaming, que supera o que de resto se ouviu deles. Mas soube bem o rock.
(Fotos: Francisco Fidalgo)