Editado em 1996, o álbum homónimo de estreia dos Placebo talvez não seja do britpop mais óbvio. A banda, caracterizada pela voz e estilo andrógino de Brian Molko, o vocalista/guitarrista sexualmente ambíguo, tem sido mais facilmente apontada como de rock alternativo, glam rock ou até mesmo post-punk. No entanto, no primeiro trabalho de estúdio, os Placebo piscam o olho a todas as influências. De Joy Division, Depeche Mode ou Pixies a David Bowie e até mesmo Nirvana, os grandes nomes estão lá todos.
A faixa de arranque, «Come Home», é uma boa forma de abrir o álbum, mas não é, de longe, dos melhores temas. Segue-se «Teenage Angst», caracterizada sobretudo pelo ritmo e por uma letra quase desesperada de problemas adolescentes, que certamente levaram a muita identificação de quem o foi nos anos 90.
«Bionic» é simples e sem nada de relevante a assinalar, tirando talvez um riff de guitarra relativamente interessante. Um dos pontos altos do álbum vem a seguir, com «36 Degrees». Este é o primeiro single dos Placebo e não foi propriamente bem aceite pela comunidade musical na altura. Não deixa de ser muito bem conseguido no entanto, da guitarra acelerada à bateria; é um dos temas mais conhecidos da banda.
Apesar de ser o primeiro single, não foi com «36 Degrees» que os Placebo conseguiram chegar a número 4 nos tops britânicos. Foi graças a «Nancy Boy» que a banda atingiu a notoriedade que nem «Teenage Angst», nem «36 Degrees» conseguiram.
Para respirar das músicas que abusam de guitarra e baixos poderosos, surge «I Know», a balada deste disco, com guitarra acústica, uma percussão ligeira e um crescendo na voz e nos instrumentos que consegue o efeito de intensidade esperado. A fechar, «Swallow», com um dedilhar irrequieto e distorção, diferente dos restantes temas sobretudo na utilização da voz de Molko, mas com uma composição a nível de instrumentos que resulta bem.
O disco não deixa de ser um dos trabalhos que vale a pena referir na nova cena musical nascida no UK nos anos 90, mas é bastante inconsistente. E, sendo álbum de estreia, nota-se a inexperiência e o espaço que os Placebo terão para evoluir – pelo menos até ao Meds, já que a partir daí foi sempre a descer.