O concerto dos Noves Fora Nada na BOTA foi bem oleado e esmagador. Um festim de rock’n’roll.
Na passada sexta-feira rumámos até à BOTA (Base Organizada da Toca das Artes), ali para os Anjos, com o intuito de assistir à atuação dos roqueiros Nove Fora Nada.
E se os contextos costumam ser normalmente interessantes, na BOTA esse interesse é exponenciado pela quantidade e diversidade de salas e recantos, pelos detalhes da decoração, pela abertura e simpatia das suas pessoas e pela forma como todos estes elementos interagem. Resultado, ficámos com muita vontade de explorar o sítio, e sobretudo, de conhecer o que ali se faz.
Na sexta-feira passada fez-se música, pelas mãos dos Noves Fora Nada, que comungam com a BOTA esse poder de fascinar à primeira e ao mesmo tempo fazer crescer a vontade de os conhecer melhor.
O ponto de partida dessa exploração é um alinhamento composto pelos onze temas do primeiro álbum da banda, Da Opulência ao Carvão, cá fora há pouco mais de um mês, e pela ainda mais recente “Pedes Desculpa Por Ser Pouco”.
Já a rota, essa é traçada pela cumplicidade e pela dinâmica dos músicos que conseguem tornar fluida a entrega de doze malhas meticulosamente tricotadas com uma técnica próxima do prog – na riqueza dos detalhes e nos cambiantes de ritmo e energia – e uma ética punk rock – sem recurso a rodriguinhos ou exercícios de auto-indulgência virtuosa -, envoltas numa ambiência muito tuga, na densidade das letras e na forma de as trazer cá para fora. Aliás, a forma como David Jacinto vive o que canta, funciona como o remate final para o total encantamento do público.
Na meta, uma sala cheia de sorrisos numa noite intimista coroada pelo grito de um dos elementos do público com os músicos ainda em palco: “Granda banda, Ca*****”! E tem toda a razão!