Z, lançado em 2005, é talvez o ponto mais alto de uma carreira que, sem nunca descarrilar nem atingir patamares de euforia coletiva, seguiu sempre uma trajetória de consistência admirável.
A abertura, com “Wordless Chorus”, anuncia um disco rico, refinado e polido. As vozes etéreas, o reverb, a pulsação contida, tudo contribui para uma atmosfera quase litúrgica, nunca fria.
A elegância destes norte-americanos do Kentucky está no domínio do espaço: cada instrumento, cada textura, cada silêncio parece colocado com uma precisão quase arquitetónica, ao serviço de um sentimento genuíno, nunca da ostentação técnica – de malhas, canções rock mais rápidas ou contemplativas, aqui sempre elegantes e superlativas.
“Gideon”, a faixa três, é o momento alto: alterna entre o místico e o terreno, o psicadélico e o visceral, faz lembrar muita coisa (tudo em bom) mas é uma canção plenamente My Morning Jacket, melódica e intempestiva.
“Off the Record” é meio pop, reggae e quase funk, mais leve – menos indispensável, mas ainda assim pertinente no todo do álbum. Este é um disco intemporal, ainda fresco, com canções plenamente válidas em 2025, mas não deixa de ser uma experiência reconfortante – para quem o ouviu lá atrás e apanhou agora o retropolitano – de revisitar.
Talvez não seja coincidência que os Fleet Foxes tenham surgido em 2006, ano seguinte à edição de Z. Este é um elogio – e muitos mais haveria para dar a este disco e a esta fenomenal banda.