Os Blondie foram a banda de pop / rock que mais impacto mundial teve nos anos 80 do século passado. Começaram a mostrar-se no saudoso CBGB, da Bowery novaiorquina, e cedo se percebeu haver neles potencial suficiente para serem grandes no difícil universo da música e das canções. Com o carisma estratosférico da vocalista Debbie Harry, e com a presença de elementos como Chris Stein, Clem Burke e Jimmy Destri (para mencionar apenas o power trio mais conhecido), os Blondie gravaram um primeiro disco para a pequena editora Private Stock, conseguindo assim dar o primeiro passo para o sucesso, que na verdade só surgiria mais tarde, com o icónico terceiro álbum Parallel Lines. Para trás ficaram Blondie e Plastic Letters, sendo que no segundo LP, e através do single Denis, a banda começou a ser mais respeitada e conhecida. No entanto, e depois de algumas alterações no seu line up, a maturidade chegou com “Hanging On The Telephone”, “One Way Or Another”, “Picture This”, “Pretty Baby”, “Sunday Girl” e “Heart Of Glass”, todas elas canções clássicas presentes no mais do que clássico Parallel Lines. O mundo estava nas suas mãos, e assim continuou com as edições dos discos Eat To The Beat e Autoamerican. Foram tantos e tão bons os hits surgidos nessa distante década, que os Blondie não conseguiram lidar bem com a fama, e o preço do sucesso provocou a implosão da banda. O resultado maior desse estilhaço foi The Hunter, o último disco da primeira fase dos míticos Blondie. Depois de mais de década e meia de silêncio, a banda voltou às lides musicais com o prometedor No Exit, e mantem até hoje uma atividade regular, lançando discos de longa duração e fazendo tours pelo mundo inteiro. Espera-se, inclusivamente, que em janeiro de 2014 os Blondie editem o álbum Ghosts Of Download. Para além do referido, é hoje um facto aceite por todos, que a importância da banda não ficou apenas adstrita à sua própria história, e às décadas de 70, 80 e 90. Antes pelo contrário. Os Blondie foram, e são ainda hoje, referências claras em artistas e bandas dos nossos dias, e o seu legado continua a perdurar. Afinal, é dessa matéria indizível que vivem os clássicos, como bem sabemos.
No entanto, e para que nada falta ao leitor Altamont, outras indicações há ainda a ter em conta. No decurso da sua existência, alguns discos ao vivo são merecedores de destaque, como Blondie Livid e Live By Request, por exemplo, para já não falar nos inúmeros bootlegs que facilmente se encontram nos ares da net. Também digna de registo é a carreira a solo que Debbie Harry foi mantendo ao longo dos anos, sendo que o primeiro passo foi dado ainda em tempo da primeira formação da banda. Discos como o imperdível KooKoo (merecedor de post neste site no mês que amanhã começa), Rockbird, Def, Dumb, & Blonde, Debravation ou o mais recente Necessary Evil, não podem passar à margem de quem segue e aprecia os Blondie. E se quisermos recuar até ao verdadeiro início da carreira de Debbie Harry, antes mesmo dos Blondie terem dado o seu kick-off, há ainda o curioso The Wind In The Willows para ouvir, banda de que Debbie fez parte integrante nos finais dos anos 60. Só para completistas, obviamente. Debbie Harry nunca parou, e a sua passagem pelos terrenos do Jazz merecem atenção particular, nomeadamente através dos discos que gravou na companhia dos The Jazz Passengers. Refiro-me a Individually Twisted e Live In Spain, ambos de finais da década de 90.
No âmbito de projetos a solo, Jimmy Destri gravou também um disco interessante, estavam os Blondie da primeira fase ainda ativos, e contou com a presença da própria Debbie numa das canções integrantes de Heart On A Wall, bem como dos bandmates Chris Stein e Clem Burke. O disco, no entanto, nunca chegou a fazer sucesso, e nunca teve sequer edição em cd, o que se lamenta. Mas se você quiser saber ainda mais sobre os Blondie, então há que ler alguns livros. Desde logo o importantíssimo Making Tracks: The Rise Of Blondie, de Debbie Harry, Chris Stein e Victor Bockris, mas também New York Rocker: My Life In The Blank Generation, escrito por Gary Valentine, um dos integrantes da primeira formação dos Blondie. Mas há mais, e bons livros: Blondie: Parallel Lives, de Dick Porter e Kris Needs e Deborah Harry: Platinum Blonde, escrito por Cathay Che. É só escolher entre os referidos nas linhas acima, ou optar por muitos outros que facilmente se encontram nos mercados online do costume.
Finalmente, uma última referência ao cinema e aos documentários. Uma breve, mas interessante aparição da banda, pode ser vista em Roadie, filme de Alan Rudolph. No entanto, quem se destaca no grande ecrã é Debbie Harry, e são muitos os filmes em que participou: Union City, de Marcus Reichert, Unmade Beds, de Amos Poe (muito experimental, mas interessante) ou o excelente Videodrome, de David Cronenberg são claramente merecedores da vossa atenção. No que toca a documentários, há que referir, sobretudo, Blondie: One way Or Another (da BBC).
O desejo é apenas um: que os sons da banda continuem e se façam ouvir por muitos e muitos anos. Eles merecem-no, pela história que representam e pelo imenso legado que deixam, e nós também, por gostarmos da boa música que sempre souberam fazer. God bless Blondie!