No concerto na Festa do Livro, em Lisboa, Manel Cruz apresentou-se sem banda e em modo acústico, só ele e a sua febre criativa.
Na noite do passado sábado, o Pátio dos Bichos encheu-se de gente de todas as idades – do carrinho de bebé à bengala – para o concerto de Manel Cruz, realizado no âmbito da Festa do Livro.
O palco parece enorme para acolher o artista. Como companhia, apenas o ukulele e duas guitarras acústicas que usa em alternância, mas sempre em regime minimal, num formato ainda mais despojado do que no seu último disco Vida Nova.
Apesar deste cenário aparentemente intimidador – reforçado por alguns problemas técnicos iniciais – e do seu registo tímido, Manel Cruz comunica e interage constantemente com a plateia, introduz os temas, faz piadas e mete-se com o Presidente Marcelo quando este, ainda nas primeiras músicas, ocupa a sua cadeira na primeira fila.
Manel Cruz recorre sobretudo ao álbum Vida Nova, mas do alinhamento constam canções compostas em confinamento, peças dos Foge Foge Bandido como a “Falso Graal”, que “ficou presa na alfândega” no tempo dos Ornatos!
Independentemente da origem, todas assentam bem neste fato minimalista que, longe de aborrecer, monopoliza a atenção e convida ao ligeiro balançar do corpo.
Às tantas, num dos seus preâmbulos, avisa que quase todas as músicas que apresenta são sobre o processo criativo – a famigerada folha em branco. A metáfora da vida que precisamos de reescrever diariamente, sobretudo em mentes hiperativas que estão “sempre a pensar, sempre a pensar”…