O Altamont gosta do Brasil. E gosta muito de Goiânia. E dos Boogarins e de Carne Doce e de todas as coisas boas que o país-irmão nos vem trazendo nos últimos tempos. Goiânia, a remota capital do remoto estado brasileiro de Goiás, é hoje em dia conhecida sobretudo por causa dos Boogarins, banda de rock psicadélico que tem corrido mundo nas costas do seu excelente disco de estreia As Plantas que Curam. Mas a cidade é um caldeirão de criatividade musical, com muitas pequenas bandas independentes nascendo e morrendo ao mesmo tempo, muitas delas intercruzando membros, material, concertos.
É esse o caso destes Luziluzia. Dos seus quatro membros, metade pertence igualmente aos Boogarins: o vocalista Benke Ferraz e o baixista Raphael Vaz. Os outros dois são João Santana e Ricardo Machado. Estes dois, juntamente com Raphael Vaz, tinham a banda Riverbreeze, que nunca deu muito certo. Depois juntaram-se a Benke e, no meio de muitas histórias cruzadas, nascem os Luziluzia, produto ‘made in Goiânia’.
Se os Boogarins – que este Verão estarão em Portugal – já não necessitam de apresentação, estes Luziluzia fazem um som diferente. Enquanto os primeiros são rock psicadélico (psicodélico, como dizem no Brasil) e narcotizado, os Luziluzia jogam num campeonato mais pop, mais contemporâneo, menos retro. Temos pop, como base de tudo; temos shoegaze; temos toques de grunge ligeiro; e rock mais “boogarin”.
Vale como um todo, mas uma boa porta de entrada será “Summertime”, que abre precisamente o disco. É um belíssimo tema e uma boa ilustração do que os Luziluzia são capazes.
Acima de tudo, aquilo de que gosto neste Come On Feel The Riverbreeze é este gosto pop que alguns discos brasileiros têm, coisas dos anos 80 e 90 – como Blitz, algumas coisas de Skank e sobretudo Legião Urbana – uma doçura melodiosa com boas letras e personalidade. Apesar do título do disco e até de algumas músicas estar em inglês, todo o álbum é cantado na língua de Pessoa e de Machado de Assis.
Um disco bonito e fresco para este maravilhoso Verão que já chegou.