Um álbum de fado-gaze, com mais influências à mistura, fazem de Catarse Natural o disco mais completo deste Homem em Catarse.
Ao sétimo disco, Afonso Dorido, através do seu alter-ego Homem em Catarse, apresenta-nos um disco sólido que vai ganhando com cada audição.
Um fado-gaze, mistura de shoegaze e fado, com pinceladas de folk e mais umas quantas influências, fazem com que o álbum seja o trabalho mais completo do artista.
Há também aqui canções de intervenção, sendo que a mais óbvia delas é “Hipoteca”, hino infelizmente atual, mas também encontramos esta vertente lírica em “Gaivota Embaixatriz”, em “O Nosso Ultramar”, e arrisco mesmo que até a instrumental “Padrão dos Encobrimentos” pode ser interpretada como canção de intervenção.
E também há convidados de luxo, como Luca Argel e Sara Yasmine, Nuno Rancho, Nuno Prata e Miguel Ramos, que fazem o seu próprio caminho catártico e dão mais dimensões às canções. “Gueto da Paz” é por exemplo quase world music, e ainda assim não destoa entre as canções deste disco.
Os delays de guitarra e o spoken word são uma figura recorrente, tanto neste disco como na carreira do Homem em Catarse. Em “O Tempo Vem Atrás de Nós” isto conjuga-se magistralmente numa canção que lembra algo de Sétima Legião, mas ainda assim moderno e atual, que dá vontade de ouvir várias vezes. Neste (chamemos-lhe) fenómeno da escuta repetida, outra canção que sobressai é “Amélia”. Começa com um riff simples e vai-se transformando cada vez mais num shoegaze à portuguesa. Isto é um elogio daqueles que só se percebe ao ouvir esta música.
Ao fim ao cabo, sem comprometer as suas influências, este Homem em Catarse consegue, nesta Catarse Natural, fazer aquilo que o seu nome indica. Libertar-nos e fazer sentir-nos purificados a cada escuta.