Mas que concertaço!!
Cody ChesnuTT é um Soul brother supremo! E o concerto deste sábado, no Ritz, foi um dos melhores a que já assisti na minha vida. Teve tudo o que quero de um concerto – música bastante bem tocada, total entrega dos músicos, interacção com a plateia, vida própria para as canções, e uma descarga ilimitada de energia.
Depois do concerto no Mexefest em Dezembro passado, Cody voltou a Lisboa, e desta vez trouxe a banda original, a que gravou o disco Landing on a Hundred (em Dezembro, trouxe uma banda de recurso, recrutada em Londres dias antes). Desta vez trouxe a sua trupe, e isso notou-se logo, pelo entendimento que tinham entre si. E que músicos são! 4 tipos, baterista, guitarrista, baixista e teclista. Comandados pelo mestre de cerimónias Cody ChesnuTT. Um verdadeiro entertainer, um artista de palco, que sabe que o palco é o lugar de excelência para a partilha de música. Como o próprio disse a certa altura, quando cumprimentava alguns fãs da primeira fila, “vocês não conseguem fazer isto no twitter”. Tal como não consegue o artista ver os olhos de quem está à sua frente a aplaudir cada canção, por isso a certa altura pediu para se acenderem as luzes da sala “como se estivéssemos para ir embora”, para poder olhar nos olhos da sua plateia.
Com esta e outras atitudes, como vir cantar cá para baixo no meio do público, Cody ChesnuTT conquistou as centenas de pessoas que esgotaram o Ritz, e que ficaram a perceber qual é a diferença entre assistir a um concerto, e ouvir um disco ou ver um concerto em DVD. Concertos como o de Cody no Ritz são a prova de que há poucas coisas como música ao vivo. Momentos únicos e genuínos, em que os artistas dão tudo e deixam tudo em palco, porque sabem que nunca mais vão estar ali, junto àquelas pessoas, naquelas circunstâncias.
E o nosso velho Cody está agora um artista 10 vezes maior do que era quando lançou o seu primeiro disco, em 2002. Cresceu como homem e como artista, pelo meio deve ter dado um salto aos anos 60, esteve nos estúdios da Motown e da Stax, absorveu toda a energia das raízes da Soul, e apresenta-se agora como sobrinho legítimo de Otis Redding, James Brown, Isaac Hayes, Curtis Mayfield. É um soul man a sério, e carrega consigo uma alma e energia que são raras nos dias de hoje.
A acompanhá-lo, estavam 4 músicos do mais alto gabarito. A certa altura, dava a ideia de estarmos no Jazz à Vienne ou no Festival de Jazz de Montreux. O concerto fez-se de músicas soul, que em disco duram 4 minutos mas ao vivo ganham nova vida, dão várias voltas, há espaço para solos e improvisação, e nessas alturas percebe-se que estes músicos são verdadeiros virtuosos, e não se limitam a fazer o que estava escrito na pauta.
Este foi daqueles concertos em que chegamos ao fim de rastos, de tanta energia que soltámos ao longo daquela hora e meia em que Cody e amigos nos ofereceram Landing on a Hundred, numa versão para levar a um festival internacional de jazz. Memorável!
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