Um dos grande propósitos do Altamont foi, é, será, dar a conhecer novas bandas a vós, leitores que nos seguem. Como devem imaginar isto cria uma pressão enorme sobre os ombros de quem para aqui escreve, uma vez que, para vos saciar o apetite, temos de estar constantemente atentos às “movimentações do mercado”. Mas o que é facto é que, vez por outra, essa pressão resulta numa enorme satisfação, ao depararmo-nos com bandas que nos conquistam e que só nos apetece andar com disco na mão em modo “ouçam isto já”. É o caso deste More Than Any Other Day. Portanto, e sem mais demoras, ouçam isto já. Sendo tão fácil como carregar no play na barra do spotify, não há desculpa para não o fazer.
Os Ought são banda que ainda nem sequer a wikipédia sabe da sua existência. Sem isso tive de recorrer ao método vigente anterior, o pombo correio, para obter mais informações sobre eles. Pombo para lá, pombo para cá, fiquei a saber que são de Montreal, mas não são mesmo de lá. Explico-me, é malta que veio de outras partes do mundo, Estados Unidos e Austrália para ser mais preciso, e se conheceu e juntou lá. Apanharam com os grandes protestos no Quebeque e deixaram-se galvanizar por aquela imensa massa humana a reinvindicar direitos durante meses a fio e segundo o papelinho que vinha na pata do Golias, o último pombo que me trouxe informações, foi o mote para fazerem um disco, com o intuito de libertarem os seus sentimentos criados pelo assistir in loco ao decorrer daqueles eventos.
E a música repercute bem o ambiente, indo de tempos de aparente calmia ao protesto mais veemente gritado do fundo dos pulmões. Quase que nos perdemos, não sendo fácil desde logo perceber onde acabam e começam as músicas, tal a repentina variação de ritmo dentro de uma mesma canção. E quando é para acelerar a sério os rapazes são valentes, na senda de uns Titus Andronicus e Parquet Courts para citar assim nomes mais recentes. Fugazi e Talking Heads para citar uns mais antigos.
“Today More Than Any Other Day”, segunda faixa do álbum, demora dois minutos a arrancar. Depois vai crescendo até se tornar num maremoto daqueles que varre tudo o que lhe aparece à frente. O vocalista Tim Beeler faz lembrar instantaneamente Byrne, cantando de forma sempre intensa, atingindo picos de insanidade, mas também seduzindo-nos quando cantando baixinho. A parceria baixista Stidworthy e baterista Keen introduzem aqui e ali um lado funk à coisa especialmente em “Pleasant Heart” e “Around Again”. É isto que eu retiro do álbum – uma mistura de boas influências que é bem conseguida em termos de resultado final. E que atinge os objectivos a que se propôs de início – partilhar uma inquietude de espírito, uma vontade de ir à luta pelo que merece que se vá. Temos de ser nós a correr atrás das coisas, a explorar ao máximo e, vou acabar onde comecei, espero que o Altamont contribua também para instigar essa vontade de conhecer mais além do que nos chega através das rádios e televisões e afins.