Descansa as mãos, fuma-te antes que alguém o faça e desaparece no ar como o tabaco que chupas. Não fosse Melody, talvez o fizesses. Mas tens nos arcos das claves de fá as suas ancas e o Sol já não é uma nota, não é assim, Serge? Quando a Birkin adormece, corres para a guitarra e lá ela aparece, como se alguma vez tivesse fugido. “Melody…”, ronronas, no “Hôtel Particulier”, palácio da tua mente e canções, ninho d’amor da musa pintada e do seu auteur provocateur.
Aquele ar de sacanagem, de despreocupação encenada, da vida como mise-en-scène permanente. Tudo uma farsa, tudo verdade. Como a vida, n’est-ce pas? No docemente irrequieto abraçar das cordas, piano, baixo e guitarra, Serge sussurra-nos uma descrição arguciosa desse hotel de número e rua incerta onde estará “En Melody”, canção seguinte nesse álbum gigantesco, Histoire de Melody Nelson.