Apesar do génio de Hunky Dory, ainda não foi em ’71 que Bowie conheceu o sucesso (este só chegaria no disco seguinte, o futurista The Rise And The Fall Of Ziggy Stardust And Spiders From Mars). Apesar disso, o seu single “Changes” anunciava já o que seria o fio condutor de toda a sua obra: a sua constante mutação artística, cambiando não só a sonoridade como também o recorte do seu próprio alter-ego. Do glam rock de Ziggy Stardust e de Alladin Sane, até à “plastic soul” do Thin White Duke (Young Americans e Station To Station), passando pelo experimentalismo sombrio da triologia de Berlin (Low, Heroes e Lodge), cedendo ao mainstream na infeliz década de oitenta (Let’s Dance, Tonight, Never Let Me Down) até ao renascimento artístico nos anos 90 encetado pelo Black Tie White Noise, o único padrão na sua identidade foi nunca ficar prisioneiro dela. “Changes” será sempre o estandarte desta liberdade, um brilhante manual de instruções para a permanente metamorfose artística.
Canção do Dia: David Bowie – Changes
Ricardo Romano
"Um bom disco justifica sempre os meios”- defendeu-se Ricardo Romano, ao ser acusado de ter vendido o rim esquerdo da sua tia entrevada para comprar uma edição rara do Led Zeppelin II - o melhor disco de sempre. O juiz não se convenceu, mandando-o para uma prisão com condições desumanas, onde uma vez foi obrigado a ouvir do princípio ao fim um disco dos Creed. Actualmente em liberdade, cumpre pena de trabalho a favor da comunidade no site Altamont mas a proximidade com boas colecções de discos não augura nada de bom.
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