Um surto psicótico e um interregno de cinco anos entregam-nos o novo trabalho da banda, sólido mas pouco memorável.
Depois de cinco anos de interregno os Cage the Elephant estão de volta com o sexto disco da banda – e depois de Matt Shultz ter sofrido um episódio psicótico.
Essa experiência – fruto de uma reação a medicação que ele estava a tomar na altura – naturalmente marcou a banda e deixou a sua impressão digital no disco. É que Shultz foi acusado de posse de arma de fogo depois da polícia ter encontrado armas no seu quarto de hotel em Nova Iorque. O facto de ter sido preso, diz, num post no Instagram, salvou a sua vida. “É um milagre eu estar aqui hoje”, escreveu na rede social, em fevereiro. Esteve dois meses internado, foi acompanhado depois de ter tido alta e, no meio de tudo isto, nasceu um disco.
São menos de 40 minutos de 12 canções curtas. Soam a Cage the Elephant mas refletem também o crescimento pessoal de Shultz depois de toda a experiência pela qual passou. Parece, por isso, ser um álbum mais maduro, mais profundo, um pouco mais melancólico, sem os imediatos êxitos dos discos anteriores. A faixa que dá nome ao disco “Neon Pill”, talvez seja a mais próxima disso, assim como “Metaverse”, que soa um bocadinho a The Strokes.
Embora sem rasgo de genialidade, o disco é bastante consistente. “HiFi (True Light),” a primeira faixa, marca o tom. Neon Pill é, sem dúvida, mais soturno e melancólico, mas sem perder o som original de Cage The Elephant. “Ball And Chain” e “Silent Picture” também se destacam mas não há nada que verdadeiramente sobressaia. É um disco interessante mas, infelizmente, pouco memorável.
Toda a experiência de Shultz merecia um pouco mais do que isto – ou talvez pela sua experiência este disco não procure êxitos imediatos e marque o início de uma nova era. Teremos de esperar pelo próximo trabalho para descobrir.