Altamont: Recentemente atingiram e até ultrapassaram a vossa meta no sistema de crowdfunding, muitos parabéns! Ficaram surpreendidos pelo nível de participação que ele teve ou já esperavam atingir o objetivo final de realizar o MUVI 2014?
Filipa Marta: Muito obrigada! Realmente foi uma surpresa termos atingido cerca de 1000€ financiados pelo público a um festival de cinema desconhecido e que inicia os seus passos. Estamos todos muito contentes por haver pessoas que realmente apoiam projectos desta forma. No estrangeiro é algo comum e em Portugal aos poucos começa a ser também. Mas não fugindo à questão, de certa forma, estávamos à espera de mais envolvimento no crowdfunding, uma vez que a música é algo que toca gerações e não tem barreiras, além de não haver nenhum festival de cinema no formato que o MUVI Lisboa apresenta. Independentemente do crowdfunding, tivemos que avançar paralelamente com o festival. Tivemos três meses para o meter de pé e os resultados são os que podem ver em http://www.muvilisboa.com
A opção de recorrer ao crowdfunding foi tomada logo à partida ou foi mais uma medida de recurso?
Foi tomada logo à partida uma vez que seria o nosso único apoio financeiro e faz sentido ser apoiado por ti e por mim se ambos gostamos do projecto. É um envolvimento diferente que o público pode ter com certas iniciativas feitas por gente independente que basicamente tem uma ideia e a põe a rolar.
Tem um gosto diferente, superar desafios deste género à base de apoio, puro e duro, de pessoas que torcem pelo projeto?
Claro que sim, sabe melhor. Não queremos falhar (claro) mas sinto que a responsabilidade acaba por ser maior porque não quero desiludir quem acreditou em nós, quem se deu ao trabalho de carregar no botão e apoiar o nosso projecto.
De onde nasceu a ideia de criar o MUVI?
Quem trouxe a ideia para a nossa cooperativa cultural, a FWD Coop, foi o Filipe Mateus Pedro. Depois ela foi sendo trabalhada e aprimorada até a apresentarmos à EGEAC. Depois foi esperar pela decisão, que chegou em maio deste ano, e nós metemos logo a mão na massa. Foram três meses de muito trabalho, muitas reuniões, discussões, encontros fora de horas na minha casa que passou a ser a ‘sede’. Todas as semanas havia pelo menos uma reunião e assim que esta aventura começou passou a ser praticamente todos os dias. Tentámos dividir as responsabilidades mas todos fizémos um pouco de tudo. Neste barco entraram os nossos amigos que aqui e ali foram ajudando à medida que podiam e transformou-se no que vocês vêem.
Que pessoas podemos encontrar na equipa organizadora?
A equipa é bem diversa e muito proactiva, que dedica o seu tempo livre a organizar eventos culturais e que nos dão bastante gozo. Temos o Filipe Mateus Pedro, jornalista e DJ, a Maria, enfermeira, a Joana Fonseca, marketeer, a Cláudia Correia, a nossa designer que muito nos atura, o João Robalo, fotógrafo e eu, Filipa Marta, que sou uma espécie de híbrido faz tudo com alguma bagagem em produção de eventos, DJ, microbiologia, assessoria de imprensa.
Se pudessem destacar alguns dos trabalhos que farão parte do programa, quais seriam?
“Que Caramba es la vida” sobre as mulheres no mundo ‘mariachi’ hiper masculino no México, “A sétima vida de gualdino” que nos apresenta Gualdino, o senhor do jazz português que lançou Jorge Palma, Bernardo Sassetti e tocou com a Nina Simone, “Marina” sobre Rocco Granata que lançou o tema “Marina” em 1959 e que os meus pais ainda hoje cantam, “Good Ol’ Freda” com as histórias da fiel secretária dos The Beatles que ao fim de 50 anos resolve contar essa aventura, “No room for Rockstars” onde o rock é o protagonista na vida de jovens que tentam ser músicos.
O que vem primeiro, o gosto pela música ou pelo cinema/vídeo?
Hum… esta pergunta é dificil (ahah!)… pessoalmente, ambos estão em pé de igualdade. Sou devoradora de música e de cinema, nos seus variados géneros. Mas cinema sobre música tem a minha atenção a 100% porque é de alguma forma o modo como consigo saber mais sobre um episódio, uma banda, um artista, etc.
Concordam que, cada vez mais, a música e o vídeo/cinema são áreas muito ligadas entre si? Se sim, porquê?
Claro que sim. Filmes têm sempre uma banda sonora associada que muitas vezes pode ser apenas composta por determinados sons ou por músicas já conhecidas ou músicas encomendadas aos artistas para certo filme como no caso do “Into The Wild” com Eddie Vedder.
O MUVI tem recebido atenção de entidades de fora de Portugal? Se sim, o que diz o “estrangeiro” sobre o projeto?
Tem recebido atenção por parte de realizadores e produtores estrangeiros. Em relação às entidades, temos que trabalhar nesse sentido e é um dos nossos objectivos.
A internacionalização do MUVI é um dos vossos objetivos?
Sim, quando criámos o MUVI Lisboa pensámos em ser o festival de referência para o cinema sobre música.
Quando chegarmos aos “créditos finais” desta primeira edição do Festival Muvi Lisboa 2014, qual será o feedback que gostarão de receber?
Que valeu a pena e que te sentiste mais “cheio” no que toca à cultura musical.