Tom Mash, nome artístico de Tomás Rocha, o jovem português que esteve para ser arquiteto mas decidiu-se mudar para território inglês em busca de espalhar a sua música, esteve em Portugal para um concerto no último dia do NOS Alive, altura ideal, portanto, para o Altamont trocar umas impressões com ele.
Altamont: Antes de mais nada, qual é história por de trás do nome artístico Tom Mash?
Tom Mash: Houve um verão em que fui para França dar aulas de surf e o pessoal lá tinha dificuldade em dizer Tomás então começaram a chamar-me Mash, mais tarde descobri que havia uma banda brasileira com esse nome então juntei o Tom. Acho que fica uma distorção gira do meu nome.
Quando é começaste a gostar e a tocar música?
Sempre gostei de música mas comecei a tocar um bocado tarde, aos 13 anos pedi uma guitarra ao meu pai mas como não tive aulas acabei por não aprender nada, aos 16 pedi outra guitarra mas voltei a não aprender, aos 18 fui a casa duma amiga que tinha para lá uma guitarra e ela ensinou-me a tocar a Nothing Else Matters, ela disse que eu tinha jeito e emprestou-me a guitarra, a partir daí aprendi no youtube e num site dum tipo que fazia covers do Jack Johnson, que eu gosto muito, e fui la aprendendo músicas, até que comecei a fazer as minhas. A dada altura tive também aulas de teoria musical, porque havia sons que eu imaginava mas não conseguia passar para a guitarra, que me ajudaram a conhecer melhor a guitarra e a compor.
Sei que foste para Londres. Como foi deixares o surf, o curso de arquitetura e a família e amigos?
Não foi fácil. De início foi complicado. Deixei de viver com o meu pai e passei a ter que ser eu a pagar renda, transportes e comida. Quando cheguei lá, obviamente que a música não me dava dinheiro então tive que arranjar um trabalho à parte, mas escolhi muito mal, escolhi um trabalho à noite o que me impossibilitou de ir a todos os “open mics” a que eu queria ir. Mas pronto já aprendi com isso e quando voltar para lá já vou com um plano melhor estruturado. Depois, não estares com as pessoas a que estás habituado a estar todos os dias é esquisito e o surf sempre foi o meu escape e lá é impossível praticar, por isso comecei a andar mais de skate.
Por qu^ Londres?
A maior parte dos artistas que eu curto são de lá, quer dizer, não de Londres mas de Inglaterra: Mumford & Sons, Ben Howard, Passenger. Houve um gajo que apesar da minha música não se identificar muito com a dele influenciou muito a minha ida, o Ed Sheeran, porque ele, que é mais novo que eu, fala em várias entrevistas fala sobre mudar-se para Londres e começar a fazer os “open mics” e como isso o ajudou. Aproveitei também para fazer busking como o Passenger faz e misturando esses dois exemplos e experiências criar o meu percurso.
Calculo que antes de ires para lá tenhas tocado cá em alguns sítios…
Não (risos). Como comecei a tocar muito tarde tocava sempre em casa, e só quando comecei a estudar na faculdade é que comecei a escrever as minhas cenas… tocava para amigos e mesmo amigos foi bué tarde que ouviram coisas minhas, era mais a família. Comecei a aperceber-me que a música era mais que um hobby e mudei-me para lá por isso a primeira vez que toquei em público foi em londres no pub King Edward VII.
As tuas músicas, principalmente a “Broke” e a “Changes”, parecem ter elementos biográficos. Inspiras-te muito no que te vai acontecendo?
Sim, essas duas são sobre a minha mudança para Londres. A “Changes” escrevi na primeira semana que estive lá, logo a seguir a ter saído de casa e a ter deixado o pessoal todo e tudo o que estava habituado.
Que eu saiba só escreves em inglês. Preferes assim ou porque estás lá tem mesmo que ser assim?
Não, não é por estar lá. As primeiras músicas que escrevi foram em Português, mas escrevo em Inglês por duas razões, primeiro, fora de merdas, gosto mais da melodia do inglês numa música apesar de gostar de ouvir português em algumas músicas, por exemplo no rap do Sam The Kid ou mesmo na Carta dos Toranja, que é genial, e depois porque quero passar a minha mensagem ao maior número de pessoas.
Vês-te a formar uma banda no futuro?
Eu curtia ter uma banda, mas para já o tipo de música que toco acho que tem mais a ver com a mensagem que tento passar e acho que resulta melhor se estiver sozinho porque obriga a pessoa a concentrar-se naquilo que estás a dizer. Quando conseguir fazer um álbum como deve ser tenho ideias para músicas com mais instrumentos mas ao vivo gosto mais de estar sozinho.
Falaste em editar um álbum, foste contactado por alguma editora?
Não, quando voltar para Londres em Setembro devo ir estudar Live Sound Production portanto estou a planear aprender a produzir as minha coisas. Se ninguém pegar em mim pego eu (risos). O que eu quero mesmo é viajar pelo mundo a tocar e se eu, ao gravar o meu próprio disco, conseguir ir ganhando o suficiente para isso e o pessoal ir gostando, fico contente.
Foste ao Alive porque ganhaste o Hard Rock Rising, por que é que decidiste entrar?
Conhecia umas amigas dos vencedores do ano passado, os Capitão Hortense, e soube que eles tinham ido ao Alive e pensei “fónix também curtia ir ao Alive”. O Alive é o meu festival preferido em Portugal e ainda por cima eles tinham tocado no palco Heineken onde vi no ano passado Crystal Fighters e Alt-J.
O que podemos esperar do teus concertos?
Eu gosto de fazer concertos interativos. Gosto de meter o pessoal a cantar e a bater palmas tentar fazer uma cena onde toda a gente se divirta. No Hard Rock isso correu bem, porque era uma sala mais pequena, mas no último concerto que dei em Cascais era um espaço aberto com muita gente e não consegui interagir tão bem.
O que vais fazer durante o resto do Verão?
Vou agora gravar um álbum acústico e para aí no fim de julho atiro-me para fora e vou fazer busking pela Europa.