
O Diabo na Cruz acaba de lançar um novo álbum. É um disco homónimo, o terceiro da carreira deste supergrupo. E foi o motivo para um refresco num jardim lisboeta, com Jorge Cruz, vocalista e mentor do Diabo na Cruz, com quem falámos sobre as diferenças e semelhanças deste disco face aos anteriores, as inspirações da banda e a essência da música popular portuguesa.
Altamont: O novo disco traz algumas mudanças relativamente aos primeiros, é menos rock e mais pop, tem menos guitarra e mais sintetizadores. Uma coisa que vos define enquanto banda são os vossos concertos arrebatadores, apunkalhados, com uma energia tremenda. Achas que agora vai haver menos moche nos concertos de Diabo na Cruz?
Jorge Cruz: É possível, pelo menos durante um bocado, até porque é provável que nós, nos alinhamentos dos concertos, procuremos coisas um bocado diferentes. Sabes que o nosso alinhamento ficou um bocado, para o bem e para o mal, necessariamente alicerçado sempre nas mesmas canções. Apesar de terem surgido músicas novas, há ali músicas que é quase impossível não estarem em certos sítios no alinhamento e este disco veio permitir um bocado baralhar e voltar a dar e para nós, enquanto banda que toca ao vivo, era um aspecto importante. E permite-nos se calhar um nível de subtileza e de ser um bocadinho mais delicados do que habitualmente e é possível que o público também responda a isso.
Também senti que apesar de haver menos guitarra, e de ser deliberadamente mais pop, a energia está à mesma lá, é inevitável. Vocês se fizessem só uma canção com piano e voz, ficava lá na mesma toda aquela energia explosiva…
Isso é fixe. Acho que tem a ver também com as canções em si, são canções que acabam por levantar. Nós não quisemos usar tanto a linguagem rockeira – guitarra eléctrica, bateria a partir – como forma de levantar as canções desta vez. Não quer dizer que na matriz essencial das canções elas não tenham coisas em comum com os outros discos. Às vezes a roupagem pode-nos interessar que mude, mas não necessariamente a essência do projecto nem as razões de as canções existirem.
Outra das mudanças que senti neste disco foi a forma das letras. Nos primeiros discos há um registo de um certo surrealismo popular e agora as letras são mais claras, menos crípticas. Por que é que sentiste esta necessidade de alterar a forma de escrever?
Achei mesmo que era um dos saltos mais difíceis de fazer na banda e importante nesta altura. Como é que poderíamos ser directos de repente, mais inteligíveis, sem perder a característica lírica da banda. E da ideia que remete sempre para algo que tem a ver com a linguagem como nós atribuímos se calhar ao passado, não necessariamente ficarmos presos a isso, mas não perder o fio condutor em termos de linguagem, simplesmente mudar a lente, como se de repente focasses. Porque quando as coisas foram mais crípticas, foram assim propositadamente.
Quase como se, nos primeiros discos, fosse mais importante a forma do que o conteúdo?
Eu sinceramente, sem querer estar a rebater isso, e respeitando a tua opinião, não é esse o caso, acho que foi lido assim. Se calhar precisamente por ser lido assim é que eu decidi fazer mais directo desta vez. Porque todas as canções, que estão para trás, têm significados muito claros, são é escritas duma maneira que os encobre, um pouco como o David Lynch. E de repente, por que não fazer “Uma História Simples”, como o David Lynch fez. E um bocado esse tipo de movimento.
Continuando nas mudanças, o Roque Popular era um disco mais sombrio, a espelhar os tempos que vivemos, mais cinzentos. Pelo contrário, este disco é mais para cima. Isso é consciente, um statement contra o estado das coisas actuais?
É um bocado. Foi o lado mais de crítica social que nos atribuem como característica típica nossa, o principal statement de crítica social do disco é ser alegre. No Roque Popular, eu não me lembro ao certo o que estava a acontecer politicamente na altura, mas é antes de toda a questão das manifestações e da troika e disso tudo e de as pessoas sentirem mesmo na pele e no corpo aquilo que estava a acontecer. Nós já estávamos a pressentir coisas que estavam a acontecer e queríamos responder a isso… Mais do que isso, nós enquanto banda que mexe neste tipo de linguagem sentimos uma obrigação de reflectir sobre o nosso país, olhámos para ele, vimos essas coisas e quisemos falar sobre elas assim. Mas depois aquilo tornou-se uma espécie de bola de neve, há uma altura em que é muito frequente ver toda a gente a pensar e a sentir e reflectir e os debates na televisão e não sei quê. Mas eu, em particular, já não tenho televisão há 3 anos e é um alívio, porque a determinada altura é cansativo. Parece-me às vezes que o discurso que as pessoas têm, a crítica, também é uma espécie de facilitismo, uma espécie de comodismo. Não estou a culpar o publico em geral mas se calhar quem gere esse tipo de discussão, os meios de comunicação, parece que alimentam aquela “roda do rato”, para andar às voltas no mesmo sítio.
A solução tentada depois torna-se o problema, alimenta a engrenagem.
Alimenta, na altura parece que não sais do mesmo ciclo. Então o disco claramente é uma tentativa de sair desse tipo de ciclo, não íamos voltar a falar sobre essas questões, por mais que sejam importantíssimas na vida de todos, não me parecia que fizesse sentido.
O disco é uma afirmação incrível de vitalidade, eu estou vivo e quero agarrar a vida pelos cornos.
É muito isso, que também sentimos e que vale a pena expressar, mas em relação aos outros e enquanto banda com uma espécie de responsabilidade com o seu público era muito mais esse tipo de mensagem que nos nos apetecia dar às pessoas, e ter as pessoas connosco aí, ‘ bora em frente, bora curtir’.
Há muitas referências explícitas à cidade de Lisboa, fala-se na Rua do Salitre, do Teatro Maria Matos, do Copenhaga. Houve uma vontade consciente que este disco fosse menos rural, menos festa da aldeia, mais citadino?
Sim. Lisboa é uma cidade curiosa. Para mim, que sou de Aveiro e vivi 13 anos no Porto, também vivi em Angola e Lisboa para mim é um local de escolha – não vivo aqui porque cresci cá mas porque escolhi, e como eu muita gente. E é muito interessante porque acaba por ser governada por pessoas da ‘província’ e onde as pessoas quase todas têm relação com a província em termos familiares, os pais, os avós, mas ao mesmo tempo têm uma relação de superioridade em relação a esses sítios, paternalismo. Eu achei este tipo de contexto muito interessante para uma banda como Diabo na Cruz, aliás nós temos muito público em Lisboa e temos um historial em Lisboa muito fixe, as pessoas percebem a nossa cena. Se calhar no resto do país também percebem, mas interpretam doutra maneira, o que também é giro para uma banda como nós. E achei que era fixe então dirigirmo-nos ao nosso público de Lisboa, porque é um público que não se importa de ser criticado. Não sei se vai ler isso assim nas letras, mas pelo menos há um lado de pirraça que está presente nas letras.
Pois, há um certo sarcasmo contra um pretensiosismo pseudo-intelectual de uma certa Lisboa, não é?
Ya. Eu lembro-me de estar, acho que foi na Culturgest, a ver um documentário sobre Portugal rural e havia um certo tipo de reacção à minha volta que era quando apareciam as velhinhas, a fazerem não sei quê, uma coisa assim.. que até era bastante triste, mas que do ponto de vista de quem estava a ver ali na Culturgest, algumas pessoas, havia assim um “ai coitadinha, ai que gira”, havia assim um lado de “fui ao Jardim Zoológico”. E eu achei isso bastante interessante, é curioso, porque isto volta a desaguar na razão de esta banda existir e naquela ideia do meu amigo Tiago Pereira, da “Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”, as coisas que nós partilhamos com pessoas que pensam como nós – que é esta relação que nós temos connosco próprios, esta espécie de negação/atracção/vergonha/culpa, é muito rica esta relação que temos com a nossa origem. E Diabo na Cruz é uma banda que se interessa por isso e portanto do ponto de vista de Lisboa, este disco vai mais daí, parte mais daí para ir em direcção ao que nos interessa.
Que é explorar uma certa relação difícil que temos com as nossas origens?
Exactamente. Tu dizes dessa maneira, numa só frase, uma das razões de esta banda existir.
Bom, falámos aqui muito de descontinuidades deste disco com os dois anteriores, mas há também uma clara continuidade, que é esse esse diálogo entre a tradição pop anglo-saxónica e a tradição da música popular portuguesa. Isso tem também uma tradição em Portugal mas vocês encontraram um caminho singular nessa linhagem. Essa essência será mesmo um traço de identidade inegociável que percorrerá todo o vosso caminho?
Penso que sim, não estou a imaginar isso a mudar. Porque isso também é bom para nós, dá-nos um sentido, razão para existirmos enquanto banda. Mesmo que já ninguém goste da nossa música vai haver sempre… Estamos a alicerçar-nos em algo que é rico, como falávamos na pergunta anterior. Uma banda para ter uma razão de ser, ter um som próprio, distinguir-se das outras, descobrir que tem algo para contribuir para a música em geral ou para o discurso artístico em geral, que lhe é próprio, isso é a maior conquista que qualquer pessoa artisticamente pode ter, portanto se nós já encontrámos, e encontrámos cedo, não é algo de que vamos abdicar porque é algo importante para nós.
Nesse sentido, sentes-te um filho do Zeca Afonso?
Sim! Eu digo isso como o Caetano diz isso do João Gilberto. Às vezes nós somos é mal interpretados, parece que puxamos isso para a política, não é nada disso. Mas é um bocado reclamar, como o Caetano reclamou Gilberto para o início do tropicalismo.
Por falar no tropicalismo, há vários pontos de contacto entre o exercício que vocês fazem e o que o Caetano e o Gil fizeram com o tropicalismo. Um deles é essa visão descomplexada de fundir tradições diferentes, a outra é fazer um certo flirt com o que os cânones consideram ser o mau gosto, e fazê-lo também de forma descomplexada. Na vossa música “Moça Esquiva”, que tem aquele sintetizador e toda uma ambiência mais kitsch, isso foi também um exercício deliberado de brincar com o que se considera o mau gosto?
Totalmente. Raramente vejo essa tua maneira de pôr as coisas aplicada à nossa música, mas tocas no cerne, mais uma vez, na razão de ser desta banda e das inspirações desta banda existir. E no caso da “Moça Esquiva”, usa um sample de gosto muito duvidoso, ainda para mais a puxar ao piropo fácil, arrisca bastante nessa área e pronto, é como tu dizes, há uma parte… Se calhar nós não vamos fazer, quer dizer, não temos 20 anos nem estamos nos anos ’60, isso deveria ter acontecido no nosso país, esta banda deveria ter existido pelo menos nos anos ’70, senão mesmo nos anos ’60. Nós não podemos fingir que lá estamos ou acreditar que podemos fazer revoluções que se tivessem de ter sido feitas já teriam sido feitas há mais tempo. Nós temos que fazer isto do ponto de vista dos 2000’s, neste caso 2014. Portanto, não vamos fingir que somos revolucionários da maneira que o Caetano e o Gil o fizeram, e chocar da mesma maneira, mas as razões são as mesmas evidentemente, tal como para eles havia a bossa nova e o tradicionalismo da bossa nova, havia o Jorge Ben e havia pessoal a fazer coisas modernas descomplexadamente, havia o Roberto Carlos, a Carmen Miranda. Para nós esse tipo de pessoas são.. sei lá, lá está, o Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Zé Mário Branco, Fausto, mas depois os Xutos e Pontapés, o António Variações, os GNR, depois o que foi feito mais tarde, Amélia Muge, os Gaiteiros de Lisboa… Flor Caveira. Tudo o que é a atitude do “do it yourself”, de independência quase punk. E isto aplicado à nossa música, a nossa ideia é abraçar tudo, se quisermos ir ao Emanuel e ao Quim Barreiros e ao Nel Monteiro também vamos. Isto é música portuguesa. Se nós tivermos uma música, já é uma conquista, é isto que nós temos para dizer.
Falaste aí do António Variações. No final da “Verde Milho” a canção soou-me a António Variações. Isso foi deliberado ou acidental?
É a primeira vez que me dizem isso. Não sei, não é deliberado. Aliás as referências, há um ou outro momento que nós podemos ter uma referência, às vezes até mais na escrita, em que estás a citar qualquer coisa e a chamar qualquer coisa. Musicalmente, não é tão frequente. Quando são coisas portuguesas eu acho que é sempre inconsciente, não tenho noção de fazer algo conscientemente, é algo que está assimilado. É um bocado a ideia do Tom Waits a tentar soar a Louis Armstrong e acaba por soar a Tom Waits. Quando tentas imitar acabas por soar a ti próprio e já nem pensas muito nisso, portanto não tenho muito a noção. O que é que te soou a Variações ali?
A maneira de cantar, o “dar e receber”…
Ah eu falo de “dar e receber”, é verdade. E quando pus isso lembrei-me do disco dele.
E é giro, nessa linhagem de que falámos, o António Variações de alguma forma teve alguma coisa de Diabo na Cruz. Ele era do Minho, trazendo a música popular portuguesa mas tinha também aquele fascínio com a Nova Iorque urbana e sofisticada, e fez um bocado essa ponte. Nesse sentido, sentes que em alguma medida o Variações foi um bocado pioneiro daquilo que vocês fazem?
Sem dúvida. E porque o fez de uma maneira… aí ele tem em comum connosco, ou com o que nós pretendemos fazer, algo que mais ninguém que trabalhou com a música tradicional eu encontro da mesma maneira, que é música pop, canções, refrões cantaroláveis, a estrutura da música pop. A mim interessa-me o Michael Jackson, os AC/DC, aquelas coisas monolíticas, impossíveis de esmagar. E o Variações é isso. É por isso que tu pegas nos lados B dele, nas músicas que ele não usou e fez-se um disco já nos anos 2000, dos Humanos, que tem um repertório que não há nenhuma banda em Portugal que consiga acumular assim dum momento para o outro, porque são canções muito, muito sólidas, fortíssimas. Nós estamos à procura de fazer canções fortes.
É interessante estares a falar nisso. Uma das características vossas é quererem fazer canções, serem assumidamente pop, não terem complexos de ter ganchos orelhudos que cheguem às pessoas. Por outro lado, a canção de que eu mais gostei no disco foi a “Azurvinha”, que é um bocado anti-pop, muito mais experimental, com aquela introdução quase krautrock, depois surge a viola braguesa, depois voltam os ruídos. Isso pode ser uma amostra do que o Diabo na Cruz no futuro também quer experimentar, ou pelo contrário estás mais fascinado pelo lado pop e não queres explorar esse experimentalismo?
Eu já tive de dizer isto noutros momentos – nós não podemos ser todas as bandas ao mesmo tempo. Às vezes apetece, e quando vais fazer um disco de 11 ou 12 músicas há sempre uma tentativa de respeitar um bocado a intenção ou a forma completa da banda e portanto haveria muitas coisas mais que poderíamos fazer e que não fazemos porque não dá para fazer tudo, também seria confuso para a banda e para as pessoas que nos ouvem. Mas respondendo mesmo à tua pergunta, para nós “Pop” é diminutivo de “popular”, é daí que vem. As canções populares tradicionais, a ideia que nós temos daquilo que é a tradição portuguesa em canção, são músicas orelhudas, que ficaram, que foram passadas de boca em boca, não foram gravadas e que eram de tal maneira interessantes e fáceis de memorizar, que foram cantadas de geração em geração. É essa a essência da Pop, algo que permanece dessa maneira. Agora, indo parar à “Azurvinha” e à viagem que se pode fazer desde a “Moça Esquiva”, eu sinto que isso é tudo Diabo na Cruz. Sinto que podíamos fazer um disco muito mais como ele é nas faixas 7, 8 e 9 – é propositadamente que é só nessas que o disco se transforma assim. Para mim eu até leio isso, no alinhamento, como uma desconstrução do disco pop que está a ser feito até ali e uma mensagem de “nós podíamos ter feito este disco se quiséssemos, este que está aqui”. E depois o disco levanta e volta a ser Pop no fim e o que me deixa feliz no disco, falando com modéstia à parte, é o facto de eu achar as últimas duas músicas tão fortes em termos pop e ter pensado, quando chegámos ao fim, se nós conseguimos fechar com estas duas músicas é porque o disco é bom de certeza.
Eu vi o vosso concerto no Tivoli e vocês tocaram pela primeira vez a “Saias” e aquilo entrou logo no ouvido e eu senti que era um clássico instantâneo.
Fixe, fixe. E o “Armário da Glória” é a música preferida de muita gente na banda. Que eu até acho que é a música mais Pop do disco porque é a que tem menos elementos tradicionais, tem um groove mais standard, pareceria de outra banda, e até esteve para não entrar no disco, por ser se calhar demasiado distante, não haver nenhum motivo que fosse evidentemente Diabo na Cruz, a não ser eventualmente a letra, mas houve uma insistência de dentro, entre nós, porque a música não nos saía da cabeça.
Para finalizar, quero falar de duas canções. Em “Duzentas Mil Horas” celebra-se o regresso a casa, às raízes, e a “Vida de Estrada” é um bocado o oposto- a fuga para a estrada. Foi deliberada a expressão quase de uma contradição destes estes dois pólos opostos?
Eu acho que é como aquelas séries que têm temporadas, a “Vida de Estrada” é a primeira época e a “200 Mil Horas” é a segunda época – da mesma série. E a “Duzentas Mil Horas” foi a última música, a última letra a ser escrita no disco, porque a primeira música [do alinhamento] devia responder ao que o disco é até aí. E para mim, do ponto de vista muito pessoal, decidi fazer uma música sobre regressar a casa, por ser Diabo na Cruz e o álbum chamar-se Diabo na Cruz. É é um disco bastante mais individualizado, em vez de estarmos a tentar abraçar o povo inteiro, as coisas são muito mais pessoais. Se pretendemos tocar os outros de forma universal, é sempre dum ponto de vista pessoal. A questão da casa aí é uma metáfora sobre a importância da casa-país, naquilo que enforma a nossa cultura e a experiência. Porque isto podia ser uma coisa um bocado retrógrada, num tempo como o de agora em que se viaja de avião por 10 euros, em que há internet, por que é que havemos de estar obcecados com um território tão pequeno? E portanto, pareceu-me rico começarmos por aí, pela casa. E a “Vida de Estrada” é a procura de uma casa fora dali, num sítio mais puro. E a “Duzentas Mil Horas” responde um bocado a essa pureza. Não são tão contraditórios assim, é um capítulo seguinte, quase como se a personagem já tivesse saído dali e depois de duzentas mil horas, de solas em brasa, finalmente encontra a sua casa.
Fotos: Alexandre R. Malhado