Os nossos irmãos brasileiros Boogarins tiveram um 2014 alucinante. Correram o mundo a apresentar o seu fantástico disco de estreia, As Plantas Que Curam, tendo espalhado magia pelos palcos portugueses, nomeadamente o lisboeta Musicbox. Passaram os últimos meses no Brasil, ensaiando, dando concertos em várias cidades, aproveitando também para, na sua Goiânia Natal, cimentarem ainda mais o bloco que os une a bandas como Carne Doce e Luziluzia, que têm vários membros em comum.
No arranque de um novo ano, aproveitámos para falar com Benke Ferraz, fundador e guitarrista dos Boogarins, que nos contou como têm sido estes tempos e que um novo disco vem a caminho.
Altamont: Termina um ano de muitos concertos e muito sucesso. Que balanço faz desse ano e o que mais vai ficar na memória?
Benke: Pouco fica na memória imediata. Depois de voltar pra casa e ficar alguns dias quieto, não dá para imaginar que passamos seis meses fora do Brasil, tocando pra pessoas do mundo inteiro. 2014 foi o ano onde pudemos nos afirmar como uma banda de verdade, dividindo palcos com artistas que nos inspiram, indo a grandes festivais e tentando alcançar o máximo de cabeças possíveis.
Nos últimos meses, vocês têm tocado muito no Brasil. Como foi o reconhecimento no vosso país depois de todo o sucesso internacional?
Fizemos shows em várias das cidades que ainda não conhecíamos e sempre nos sentindo muito bem recebidos. Foi incrível poder voltar da tour pela Europa e Estados Unidos e não ter que mudar o ritmo, muito bom poder seguir tocando e vivendo essa loucura.
Do que tenho acompanhado, vocês têm aproveitado para tocar e para fazer jams com bandas amigas como Luziluzia e Carne Doce. Pode falar-nos um pouco disso?
Eu e o Raphael [baixista] tocamos no Luziluzia. João e Ricardo, os outros dois membros do Luziluzia, tocam no Carne Doce. A gente sempre acaba ensaiando na casa da Salma e do Macloys (outros 2/5 do Carne Doce) e sempre perdemos a noção do tempo lá. A sensação de estar no meio de algo que envolve tantas figuras criativas que compartilham de muito é fantástico.
2014 foi um ano também marcado pelos discos dessas outras bandas de Goiânia. A cidade já se apercebeu disso, de que há uma cena a ser falada no exterior?
A parcela da cidade que escuta música independente talvez sim. A cidade não. Ainda não há um mercado ou estrutura para que possamos investir em marketing como os grandes artistas pop daqui fazem. A imprensa não está tão interessada assim, nós também ainda não temos a prática de trabalhar com assessores, entregando matérias prontas para serem publicadas, cavando espaço em publicações. Falha de ambas partes, mas enquanto pudermos fazer o que estamos fazendo está tudo bem, hehe. É engraçado porque às vezes acreditamos que a televisão e os jornais estão ultrapassados, que a internet esta aí e etc… Mas isso não é verdade, a comunicação social convencional ainda diz muito à maior parte da população.
Tenho visto que têm alguns temas novos. Pode falar-nos disso, dos temas e de que direcção musical eles vêm tomando?
Alguns desses temas são tocados desde os primeiros shows, alguns são bem recentes. Inclusive tocamos alguns desses nos shows em Portugal. Não consigo especificar direito a direcção musical das novas canções. Ainda são canções simples. Letras simples, melodias e harmonias simples. Mas tem que soar bonito. Ah, e o baixo tá mandando nas músicas também.
É de esperar novo disco para 2015? Estão a pensar gravar? Têm algum título provisório ou uma direcção musical geral?
Após o Primavera Sound, em Barcelona, fomos para Gijon e gravamos com o Jorge Explosion no seu estúdio Circo Perrotti. Passámos 3 semanas lá, gravámos tudo ao vivo e na fita. O estúdio é incrível e Jorge uma figura muito carinhosa. Ele nos ajudou muito a conseguir os takes perfeitos em energia e precisão, hehe. Agora, em casa, estamos trabalhando nesse material captado por lá e se tudo der certo vocês ainda poderão escutar esse disco algum dia.
Quais são os planos próximos? Algumas férias para descansar em casa, talvez…
A agenda de shows recomeça logo em Janeiro, mas a cabeça nunca pára no que está acontecendo ou no que está para acontecer, só fica pensando na frente.