No primeiro concerto em nome próprio em Portugal os alt-J mostraram porque recebem tanto carinho do público português – e se nos espectáculos no Alive vimos sobretudo um público mais jovem, até adolescente, no concerto na Altice Arena havia fãs de todas as idades.
Para receber os alt-J a Altice Arena usou só meia sala e uma parte das bancadas – uma opção lógica, tendo em conta que o concerto não estava esgotado e a redução do espaço deu a ilusão de casa cheia, onde até a acústica, desta vez, ajudou ao som tão peculiar dos alt-J.
O trio britânico começou poucos minutos depois da hora prevista e a recepção quando entraram em palco mostrou bem o que podíamos esperar da próxima hora e meia: palmas e gritos mas sem exageros, sem encontrões e com muito respeito pelo espectáculo que se ia desenrolar e que marcou o arranque da digressão pela Europa do disco de 2017 Relaxer.
Foi precisamente pelo novo trabalho que os alt-J começaram: “Pleader” marcou a abertura de um concerto consistente, bem produzido, com um interessante jogo de luzes e vídeo a acompanhar as músicas.
Os alt-J não são animais de palco – praticamente não saem dos seus lugares e a interacção com o público limita-se a duas ou três frases de cortesia – mas são músicos competentes e deram um concerto sólido, com alguns arranjos em músicas mais conhecidas (como “Hunger of The Pine” ou “Tessellate”) e a pedir palmas nos temas mais dançantes.
O público não se fez rogado: dançou, bateu palmas, abanou os braços e cantou sozinho em temas como “Matilda” (e que bonito foi ouvir a Altice Arena num coro afinado a cantar “This is for Matilda”), reagiu com gritos e assobios de aprovação nos primeiros acordes de “In Cold Blood” e explodiu numa ovação quando, em português, disseram que a próxima música era “Taro” e onde mais uma vez se fez ouvir o coro afinal da Altice Arena.
Já no encore, com “Breezeblocks” a fechar, a parte final da música foi tocada com o palco praticamente às escuras e apenas uns focos de luz, perante um público satisfeito, num momento de bonita comunhão entre os artistas e os fãs.
Mesmo numa sala que não tem nada de intimista, os alt-J conseguiram brindar-nos com um espectáculo de proximidade. Podem não dar um concerto absolutamente memorável mas apresentaram um espectáculo bem montado, sólido e bonito – e essa beleza foi compreendida pelo público que foi à Altice Arena para os ouvir e saiu com um sorriso.
Fotografia: Inês Silva