Há muito tempo que estava para escrever a crítica a este disco mas a reestruturação do site e a avalanche de discos novos que saíram nos últimos meses acabou por ditar o atraso da dita crítica. Mas como diz o ditado, “mais vale tarde do que nunca”, aqui segue ela em todo o seu esplendor e cor. E cor(es) é a palavra certa para definir este disco da francesa Melody Prochet. Contudo, o truque de magia, o filão, por trás deste álbum tem a autoria de outro nome que, após audição de alguns minutos do disco, se entende logo. Kevin Parker, mente brilhante da banda australiana Tame Impala, enche de cores e pincela camadas de som atrás de camadas de som do início ao fim do disco.
Quando se pensa numa cantora francesa assim frágil e doce como Melody ficamos à espera de encontrar um som meloso, inocente, demasiado “francês”, porém na realidade o que encontramos é uma explosão de cores, efeitos, filtros, camadas, guitarras espaciais e submarinas, breaks de bateria como se tivéssemos colocado esta donzela no meio de um desenho animado psicadélico dos anos 60. Mais estranho ainda é o facto da sua doce voz conjugar tão bem com o meio ambiente à sua volta, como se ela fosse a acalmia para tanta algazarra auditiva. Daí não estarmos apenas a ver/ouvir os Tame Impala versão feminina. Não. Melody’s Echo Chamber é uma banda diferente, apenas a base vem do mesmo vortex criativo que fez a banda australiana ser uma das mais interessantes nos dias de hoje. Podemos agradecer à antiga banda da francesa, My Bee’s Garden, por ter tocado numa digressão com os Tame Impala e Kevin Parker se ter enamorado de Melody (quem não o faria?). O interesse de Melody em saber mais sobre distorção e pedais não podia ter encontrado melhor parceiro, em todos os níveis, pelos vistos. Parker deu uma visão onírica ao já lânguido e sonhador mundo de Melody. A Match made in Heaven.
PS: Melody estará presente no festival Primavera Sound no segundo dia, 31 de Maio. A não perder.