Há uns meses falava com um amigo sobre a banda que mais marcou, dentro do estilo que gostamos, os anos 00. Entre os The Strokes ou Arcade Fire, rapidamente chegámos a um consenso: os The National são a banda da cena indie-rock que têm apresentado o trabalho mais consistente desde o lançamento do primeiro disco, o homónimo “The National”, em 2001. E é sobre este trabalho que falamos hoje, à boleia do anúncio de lançamento de mais um disco, “Trouble will find me”, o nono trabalho de originais da banda norte-americana. E de mais um concerto em Portugal, marcado para 21 de Novembro, no Pavilhão Atlântico (provavelmente a sala com pior acústica de sempre).
The National chegou-me quase por acaso. Procurava uma banda que ainda não conhecesse, meio ao calhas numa loja de discos, quando uma amiga me passou para as mãos o “Alligator”. Foi o meu primeiro contacto com o grupo de Matt Berninger – sim, o vocalista que levanta ondas de histerismo entre o público feminino por causa da voz rouca e por ser muito giro e meio Ian Curtis em palco. Quando, em 2007, lançaram o “Boxer” eu já estava completamente rendida.
“Boxer” foi a consagração que me fez procurar tudo o que já tinham editado. E foi o álbum que os catapultou para a fama – como não adorar o crescendo de “Fake Empire” – e é provavelmente o melhor. Ou, pelo menos, o mais consensual. Mas os The National não têm um disco mau e isso ficou presente logo no primeiro trabalho. Goste-se do estilo deles ou não: música de cortar os pulsos, ‘hype’ despropositado, tendências depressivas, histerismo colectivo, já ouvi de tudo.
“The National” é a primeira prova do potencial que tem a banda. Ainda sem a produção e composição dos álbuns mais recentes, cheios de violinos e com mais guitarras distorcidas, o disco tem algumas das músicas que caracterizam o grupo: “Cold Girl Fever”, “American Mary” ou “Pay for Me”, esta especialmente, num rock simples e sem rodeios, sem artifícios, e por isso mesmo bom. E a estranheza que provoca parte de “29 years”, com versos repetidos na fabulosa “Slow Show” do “Boxer”. Os The National foram crescendo ao longo dos 12 anos de carreira que já têm mas este (e o “Alligator”, riscado de tanto o ouvir) são os discos que vou buscar quando quero simplicidade e uns The National despidos de artifícios.