Kurt Vile já não é propriamente novato nestas andanças de fazer álbuns a solo (este é o quinto), além do trabalho com os War on Drugs, mas em “Wakin on a Pretty Daze”, editado este ano, atinge um registo mais sólido, num trabalho consistente dentro do género “eu, a minha voz e a minha guitarra”.
O álbum arranca tranquilo com “Wakin on a pretty day”, só guitarra simples e a voz característica de Kurt Vile, com uns ligeiros toques country nos arranjos e uma espécie de solo de guitarra a puxar aos anos 70. O primeiro tema do álbum é, sem dúvida, o mais completo e que mostra diferentes registos ao longo dos seus mais de nove minutos de duração. Um bom cartão de visita para as faixas que se seguem.
Reconhecem-se bem as influências de Neil Young ou Tom Petty e, em alguns momentos de guitarra, descortina-se Bruce Springsteen, como na segunda faixa, “KV Crimes”. “Walk as Tall” é mais frenética e etérea, quase esquecendo a guitarra forte do tema anterior, bem disposto e com ligeiros toques electrónicos.
“Girl Called Alex” tem tudo de balada, do título ao ritmo lento e guitarra triste. O disco mantém um pouco este registo mas evolui para os temas mais melancólicos “Too Hard” ou “Pure Pain”. Mas sempre com tranquilidade, um tom ligeiramente optimista e canções longas que evoluem com a maior das naturalidades para solos de guitarra que, não tendo uma verdadeira força rockeira, resultam bem.
A fechar, “Goldtone”, num registo semelhante ao que inaugurou o disco e que permite ouvir este trabalho em ‘repeat’ sem choque. Vile oferece-nos um bom disco para tardes solarengas de preguiça ou momentos melancólicos, que dá vontade de, chegando ao final, ouvir tudo outra vez.