E eis que se passaram três anos e os artistas de Boys & Girls deixaram de ser meninos e meninas. Se manter a fórmula de 2012 – quando “Hold On” ofereceu a Alabama Shakes um lugar de respeito no mundo da música – teria sido tentador, Sound & Color surpreende. Estes meninos e meninas, agora mais adultos, mais vividos e sem medos, amadureceram no som, na interpretação e nos ritmos. Ao segundo álbum, a sua música está mais estranha, mais suja, mais rouca, mais firme e muito mais sexy do que o álbum de estreia.
Cresceram e já definiram o seu caminho. A missão desta gente não é ser da soul com mais electricidade, não é ser retro só porque o retro está mais na moda. Alabama Shakes, gente que vê na música um espaço para expressar o que sente; gente que ouviu tanta música e que quando chega a hora de escrever canções a coisa sai naturalmente.
Sound & Color não é minimamente esforçado. É mais um “não sabemos fazer outra coisa se não isto”. Vem de dentro e é realmente sentido. Se Brittany Howard, voz e guitarra desta matilha, já comandava ao primeiro disco com a potência da sua voz, agora parece que a sentimos esquecer as regras e suar, ainda mais, a cada nota. Parece que a vemos a ajoelhar-se perante a música que a arrebata. Quem dera a Kings of Leon e eteceteras.
Façam um favor a vocês mesmos e vão para casa ouvir Sound & Color. À primeira faixa (que dá nome ao álbum) vão logo sentir a diferença. Chegam ao single “Don’t Wanna Fight” e estão conquistados. Sigam disco fora e, ali a meio, escutem com especial atenção “Gimmy All Your Love”. É coisa para arrepiar. E depois não digam que eu não avisei.