Desde 1973, os AC/DC vieram da Austrália à conquista do mundo, na sua interminável busca por copos, gajas e, acima de tudo, rock ‘n’ roll.
O chassis da banda sempre assentou nos irmãos Young, Malcolm na guitarra-ritmo e o mais novo, Angus, na diabólica guitarra-solo. Há talvez umas quatro fases dos AC/DC. A primeira, com o mítico vocalista Bon Scott, que faleceu em 1980; a segunda, com a entrada do actual vocalista Brian Johnson, que entrou aquando de Back in Black, e que durou até Razor’s Edge, de 1990; a terceira, marcada mais pelos colossais espectáculos ao vivo e menos pelos discos marcantes; e a actual, já sem os contributos do fundador e compositor Malcolm Young (devido a problemas mentais) e Phill Rud (problemas com a lei).
E foi assim que chegámos a Rock or Bust, lançado no final de 2014. Os AC/DC, com o sobrinho Steven Young no lugar de Malcolm, são agora uma banda com algo a provar. Que conseguem continuar a destilar o seu rock monolítico como sempre, mesmo com a mudança de peças consideradas absolutamente essenciais ao seu funcionamento.
O pico criativo (se é que se pode falar nisto numa banda que nunca procurou inovar) deu-se em 1980, com Back in Black; mediaticamente, a glória mainstream chegou com Razor’s Edge (1990), casa do omnipresente “Thunderstruck” e o seu imparável riff. Desde então, o que a banda nos deu foi uma série de discos competentes, praticamente iguais uns aos outros, servindo de mote a cada vez maiores e mais espectaculares digressões mundiais.
Este novo disco insere-se nesse caminho. Dificilmente inscreverá o seu nome entre os melhores e mais marcantes discos dos AC/DC, mas é um álbum extremamente competente, divertido e que mostra que a matriz está lá, enraizada, e não cede a contrariedades.
São 11 temas de rock básico, movido a guitarra eléctrica e pela voz esganiçada de Johnson. O problema, obviamente, é que estes elementos marcam de tal forma o som da banda, e há tantos anos, que a meio do disco já não distinguimos as músicas umas das outras, e este disco de qualquer outro dos AC/DC. Se alguém esperava novidades, ficará desiludido, portanto. Mas, sejamos francos, ainda alguém espera dos australianos alguma coisa que não seja o puro e simples gozo de celebrar o rock?
As maiores (relativamente) diferenças surgem em “Rock the Blues Away”, uma espécie de cruzamento entre Springsteen e Creedence Clearwater Revival, e em “Rock the House”, a transpirar Led Zeppelin por todos os poros.
Em suma, Rock or Bust é “apenas” mais um disco de AC/DC (até a capa é básica, meu deus!). Competente, masculino, como sempre a cheirar a cerveja e gasolina, feito por uns dinossauros do rock que não estão prontos para deixar de curtir. E não será mais que uma desculpa para trazer os rapazes de volta à estrada, que neste caso inclui Portugal. A 7 de Maio, no Passeio Marítimo de Algés, o circo chega à cidade.
We salute you.