Catarina e Margarida. São irmãs e são portuguesas. Quem diria? As Golden Slumbers acabaram de chegar e já conquistaram com as harmonias doces de tom vincadamente folk e ternurento, letras simples e guitarras sem artifícios.
O nome da banda não podia ser mais auspicioso: foi “roubado” aos Beatles embora a inspiração das irmãs vá beber mais a Laura Marling, Cat Power ou Kings of Convenience.
Depois de um EP editado há dois anos, 2016 é o ano da consagração com o disco de estreia, The New Messiah. E ao longo das 10 faixas perdemo-nos nas vozes melódicas mas diferentes das irmãs Falcão, com a cumplicidade que só irmãos têm.
As Golden Slumbers são infinitamente doces. As vozes juntam-se numa perfeição melódica assumidamente folk, da viola ao crescendo ligeiro em “Love”. O dueto vive em cada música mas em certos temas, como em “Stubborn”, atinge uma maior dinâmica. “Woke Up” vai crescendo, como indica o próprio nome da música.
No meio de tanta tranquilidade é uma surpresa quando “New Messiah”, que dá título ao disco, nos atinge com um tom mais animado e dançável, a apontar para êxito de Verão.
É um disco introvertido, calmo, para ouvir de auscultadores em dias de reflexão, quase melancólico e a pedir chuva e manta, o conforto de um sofá. Confortável como nos deixa a voz das duas irmãs, onde tudo se enquadra, onde nada, durante todo o disco, sai fora de tom. Um intimismo que nos faz apetecer ouvir as percussões ligeiras e os crescendos uma e outra vez.