Desafiámos os nossos escribas a fazer a difícil escolha de selecionar um álbum, uma banda/artista, uma música, um concerto e um artigo escrito no altamont que os tenha marcado, nestes últimos 20 anos. Poderão vê-las no decorrer das próximas semanas, aqui e na nossa página de instagram.
É dura esta tarefa. Irrealizável até, na sua essência. Assim sendo, as minhas escolhas recairão sobre o que quero que faça parte deste meu perfil, por gostar muito e dizerem muito de mim, mais do que pela escolha absoluta sobre os tópicos em questão, algo impossível de perspetivar.
Um álbum: Caetano Veloso – Meu Coco (2021)
Álbum inventivo, de quem nunca parou de se reinventar. Atual, histórico e com hipótese de ser olhado como súmula, como retrovisor, mas sempre seguindo em frente. Como se não bastasse, é um álbum do deus Caetano Veloso. Um luxo tornado realidade aos 79 anos de idade! Intelectual e popular, Meu Coco é um disco para a eternidade.
Uma canção: “Modular Living” – Eat Lights Become Lights
O meu lado kraut teria de aparecer, depois de revelar a minha veia (mais uma artéria, na verdade) de amante da MPB. O tema chama-se “Modular Living” e encerra quase seis minutos de ritmo e tensão, à boa maneira motorika. Não custa nada. É tirar bilhete e romper a estratosfera.
Um artigo: Alucinação – Belchior
Há milhares de belos textos no site Altamont, por isso não levem a mal o umbiguismo, mas em várias centenas de artigos escritos para o Altamont, dois ou três houve que me encheram de orgulho, como o que fiz para o disco escolhido neste perfil, por exemplo. No entanto, quero muito registar aqui o texto sobre Alucinação, o disco de Belchior, lançado em 1976. E, já agora, se quiserem divertir-se com algo totalmente diferente, procurem A Bunch of Meninos, dos Dead Combo. Pode ser que gostem.
Um concerto: Pavement – Primavera Sound 2022
O Altamont é amor, bom convívio, mas também amigos que se fizeram ao redor da música. A minha escolha para o melhor concerto sublinha essa amizade, uma vez que muitos de nós estávamos lá, gozando a música e o prazer de estarmos juntos: Pavement, no Primavera Sound Porto de 2022. Delírio no palco e fora dele. Icónico.
Uma banda / artista: Vanishing Twin
Banda sombria e enigmática, com um pé no sonho e outro na realidade. Esta escolha justifica-se em si mesma (ótimos discos, ótima banda) mas também para homenagear gente que já por cá andava antes de 2005, como os Stereolab, por exemplo. Quem não gostar dos Vanishing Twin padece de surdez seletiva aguda. A boa notícia é que pode ser tratável.