Em The World At Night, Walter Martin embala-nos durante dez maravilhosas canções remetendo-nos para uma sonoridade que tem tanto de ingénua como de doce e honesta e brutal, como a vida pode ser.
Walter Martin é mais conhecido por ser baixista e compositor dos “The Walkmen”. Mas, e os fãs do Hamilton Leithauser que nos perdoem, a sua pluralidade em termos sonoros é bem mais interessante do que a banda ou o vocalista acima mencionado.
Num registo totalmente diferente dos The Walkmen, após a dissolução da banda indie, o baixista e compositor Walter Martin habituou-nos a álbuns mais family friendly, virados para um público infantil.
O novo álbum do Walter Martin recorda-nos Randy Newman: o piano, o storytelling, as melodias prazerosas e leves, ao mesmo tempo que têm um significado mais profundo quando escutamos com atenção.
Este “The World At Night”, o seu 5º álbum a solo, arranca de uma forma grandiosa com “October”, onde uma sinfonia de instrumentos nos transporta numa algazarra em crescendo, dando um bom mote ao restante álbum.
Com uma imagética muito ligada ao mundo animal e à natureza, Martin constrói músicas que contam histórias que parecem simples e que, por isso mesmo, ressoam em todos nós (“Oh gee, the moon’s up in a tree / And man, it’s hard to see what’s next for me / Then I see fireflies go by / Like candy in my eye / And I remember why / Oh, I love the world at night”).
Com uma voz não tão límpida e até áspera, as palavras discorrem nos nossos ouvidos e fica aquela sensação de estarmos a ouvir uma coisa que não é perfeita, mas que, por essas mesmas falhas, acaba por se tornar.
As músicas que se destacam são a “Little Summer Fly”, “Hey Joe” e a grande “The Soldier”. Três músicas que abordam assuntos diferentes, entre o desejo de tentarmos sempre o nosso melhor (“So love me, or love me not / Just know that I’m trying with everything that I’ve got / To find the rainbows and /See what might be down there in that old pot”), apesar de ninguém saber muito bem o que anda a fazer (“Hey Joe, you know no one knows nothing / Hey Joe, we’re all lost just like you”), culminando numa brilhante homenagem ao sogro do próprio Walter Martin, contando em detalhes a sua preenchida vida (“And the fella singing this song is her husband now, and he idolizes me for some reason”).
Martin embala-nos durante 10 maravilhosas canções, que não chegam a 37 minutos, remetendo-nos para uma sonoridade que tem tanto de ingénua como de doce e honesta e brutal, como a vida pode ser.